Diariamente são milhares os diagnósticos de câncer em todo o mundo e não adianta, apesar da evolução no tratamento do câncer jamais vamos nos acostumar e deixar de sentir um certo medo de que aconteça conosco ou com um dos nossos.
A dor é um dos maiores medos do paciente oncológico quando ele recebe o diagnóstico. O paciente oncológico pode apresentar dor por diversas causas diferentes, mas a boa notícia é que para cada uma delas há sim, um alívio.
O câncer é associado a diversos mitos!! Muitas coisas ou mudaram com a evolução da medicina, ou eram informações falsas!
.
Precisamos Desmistificar Esses Pré-Conceitos Que Temos Em Relação Ao Câncer E A Dor Oncológica.
Isso traz consequências ruins para os pacientes que recebem o diagnóstico ou que estão em tratamento.
Dra. Amelie Falconi, Médica, Especialista em Tratamento da Dor pela AMB e Docente da Pós Graduação de Dor no Einstein – RJ, afirma que muitos pacientes, acham que a dor oncológica é algo “normal”, visto que o câncer é uma doença muito associada ao sofrimento: “Eu não falo da dor porque tenho câncer, é normal que eu sinta dor”. Isso é errado!
“Sempre converse com o seu médico sobre a dor quando ela aparecer, conte os detalhes, o que piora, o que alivia, posições de conforto. Não poupe o profissional de nenhum detalhe.” – orienta a médica
Ela também explica que existem vários tipos de dor que podem acometer o paciente oncológico, e cada uma possui um tratamento específico como a neuropatia, decorrente da quimioterapia, radioterapia, neuralgia pós-herpética, dores decorrentes do tumor, que comprime as estruturas vizinhas, dor pós-operatória, mucosite, ou até uma dor não oncológica prévia do paciente, como uma enxaqueca ou lombalgia.
O importante é identificar a dor o mais rápido possível, pois isso realmente pode trazer muito mais conforto para o paciente.
-Isso sem falar que as técnicas hoje, são menos invasivas e a abordagem perioperatória de controle da dor, também apresentam mudanças significativas, que proporcionam maior bem-estar no pós-operatório. E mesmo a anestesia regional com passagem de cateter é outra técnica eficiente que reduz a dor no pós-cirurgia. – Garante a Dra. Amelie Falconi.
Medicamentos
Dra. Amelie ressalta que o grande objetivo em tratar a Dor é trazer alívio, para que o paciente consiga realizar suas atividades habituais, seja trabalhar, interagir socialmente e ter autonomia para seguir sua vida segundo as suas necessidades e escolhas, apesar da dor.
A partir desse ano ficou obrigatória a cobertura dos medicamentos para tratamento de dor oncológica pelos planos de saúde. No entanto, é recorrente os casos de negligência e recusa de certos planos de saúde com o tratamento de dor oncológica e a liberação de medicamentos para os seus pacientes.
“Recentemente uma paciente minha sofreu um abuso por conta do seu plano de saúde; lhe foi negado uma situação que era direito dela. Os pacientes oncológicos têm o direito de receber os remédios para seu tratamento de dor através dos planos de saúde. Direito esse que nem sempre é cumprido e que está sendo negado diariamente aos pacientes oncológicos”.
Apesar da Negligência de Certos Planos de Saúde, Conheça os Seus Direitos
Desde 1999 está vigorada a lei n. 9.656/98, que que estabelece que o seguro/ plano é obrigado a cobrir todas as despesas com tratamento oncológico, e isso inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia, observadas as condições e a cobertura do tipo de plano contratado, ambulatorial e hospitalar.
A solicitação do medicamento para tratamento da dor pelo convênio, deve ser realizada com a apresentação da receita médica.
A ANS (Agência nacional de Saúde Suplementar) define uma lista de consultas, tratamentos e exames, chamada Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que os planos de saúde têm por obrigação oferecer, segundo cada tipo de plano de saúde. Tal lista passou a ser atualizada a cada seis meses.
Pelo novo Roll da ANS, que passou a vigorar desde abril/2021, o plano de saúde tem que cobrir as medicações de dor para o paciente oncológico, desde analgésicos, opiáceos e derivados.
Não é simplesmente sobre tratar a dor, mas sim sobre retomar com a vida de cada um. Afinal, cabe a nós, médicos, decidirmos qual o tratamento mais adequado para os nossos pacientes – Concluiu a Dra. Amelie Falconi.
CRÉDITOS:
- Dra. Amelie Falconi possui formação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora
- Especialização em Anestesiologia MEC/ SBA
- É especialista em dor pela Santa Casa de São Paulo
- Tratamento Intervencionista da Dor
- Possui Título de área de atuação em dor pela AMB (Associação médica brasileira / que determina os títulos de especialista em dor)
- Fellow of International Pain Practice (FIPP) pela WIP (World Institute of Pain)
- Sócia Diretora da Clínica PROSPORT
- Professora /corresponsável da pós graduação de Tratamento Intervencionista da Dor no Einstein
- Professora da Pós Graduação de Dor do Einstein – RJ