Uma moção aprovada na sessão desta terça-feira (11), na Câmara de Santa Bárbara d’Oeste, gerou debate acalorado entre os vereadores Felipe Corá (PL) e Esther Moraes (PV). O assunto era a Moção de Aplausos ao Frei Gilson, envolvido em polêmica nas redes sociais por declarações a respeito do papel das mulheres na sociedade.
A moção destaca o trabalho do religioso, que tem alcançado milhões de fiéis por meio de suas pregações e músicas, tanto na Internet quanto em eventos religiosos. Segundo o texto, Frei Gilson se consolidou como uma das principais vozes da evangelização católica no país. Corá justificou como um reconhecimento “à evangelização, ao fortalecimento da fé cristã e à propagação de valores morais e espirituais no Brasil”.
Outro ponto ressaltado pela moção é o vínculo especial do sacerdote com Santa Bárbara d’Oeste. O primeiro DVD de Frei Gilson foi gravado na Casa de Maria, na cidade, marcando um momento importante em sua trajetória musical e evangelizadora.
Discussão
No uso da palavra, Corá pediu apoio dos colegas ‘defensores da pauta cristã’ e dos “valores da família”. De acordo com o parlamentar, o frei é atacado por uma parcela da sociedade. “São pessoas que não têm respeito. A ‘esquerda’ tem se enfurecido em ver um sacerdote levar mais de 1 milhão de pessoas em uma live no Youtube às 4 da manhã sem nenhum real de dinheiro público”, disparou.
Segundo Corá, “a ideologia e o partidarismo não podem colocar a religião no palanque político”. Além disso, seria necessário o Legislativo barbarense “se posicionar como uma Câmara conservadora”. Outros vereadores se manifestaram, todos em apoio ao parlamentar ‘bolsonarista’. “O frei Gilson não tem medo de se posicionar contra o aborto, o feminismo, o Comunismo e a favor da liberdade de expressão”, finalizou.
Pauta
Por sua vez, Esther admitiu não acompanhar o trabalho do frei, mas disse que conversa com pessoas que o seguem. “Sou uma mulher cristã. Não sou católica, mas exerço a minha fé de outras formas”, esclareceu. “Não vou falar do trabalho do frei e como ajuda as pessoas a falar com Deus”, frisou a vereadora. Segundo ela, a liberdade religiosa é garantida pela Constituição Federa, mas criticou a intenção da Moção. “É uma questão de opinião do vereador e o Parlamento não deve ser guiado assim”, opinou.
“O Estado é laico e essa não é a demanda da população barbarense”, reforçou Esther. A vereadora citou necessidades na Saúde, creches e atendimento a pessoas vítimas de violência. “As mulheres são colocadas na posição de auxiliar dos homens. Apesar disso, são elas que sustentam sozinhas a maioria das famílias brasileiras”, defendeu. Ela completou dizendo que o colega Corá sofre com ‘falta de pauta’ e estaria ‘polarizando a fé das pessoas’. A Moção de Aplausos acabou aprovada por 16 votos favoráveis e 1 contrário.