Onda de frio e dor crônica: entenda a relação e saiba como minimizar os desconfortos

Neurocirurgião da Unicamp, especialista em dor crônica, alerta para riscos da falta de conforto térmico e apresenta alternativas de tratamento adaptadas às baixas temperaturas

 

Uma nova frente fria avançou sobre o país nesta semana, marcando a terceira onda de frio de 2025 e a primeira desde o início do inverno, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com essa mudança brusca de temperatura, aumentam as queixas de dores crônicas em consultórios médicos e clínicas especializadas em dor, alerta o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional especialista no tratamento da dor e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia na Unicamp. No período mais frio do ano, o manejo dos sintomas não deve ser deixado de lado, com adaptações para que o paciente tenha conforto térmico.

De acordo com o especialista, o inverno agrava o sofrimento das pessoas que convivem com dores crônicas – um grupo que representa 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, segundo o Ministério da Saúde – por razões multifatoriais.  Condições como fibromialgia, artrite e dores nas costas/coluna tendem a intensificar nesta época do ano, afetando a qualidade de vida de mulheres, idosos e pessoas de baixa renda, principalmente.

Pacientes com sintomas depressivos e com histórico de quedas e hospitalizações também podem notar aumento na percepção da dor. “As baixas temperaturas reduzem o fluxo sanguíneo periférico e aumentam a rigidez muscular. Além disso, o frio desencadeia alterações no sono e no humor, favorecendo quadros de insônia, ansiedade e depressão, que estão diretamente ligados à percepção e intensificação da dor”, explica o médico.

frio - dor crônica

A chegada da nova estação promete ter ondas de frio menos frequentes, porém mais intensas, principalmente no Sul e Sudeste, embora as temperaturas médias fiquem acima da média histórica em grande parte do país. Além da mudança na temperatura, a maior amplitude térmica e aumento da umidade em diversas capitais pode agravar ainda mais quadros de dor crônica. “Moradores de cidades de altitude e em áreas urbanas com pouca exposição solar são os mais vulneráveis. Eles devem redobrar os cuidados e manter um acompanhamento médico contínuo para evitar agravamentos”, avalia o doutor.

O controle dos sintomas exige abordagem terapêutica multidisciplinar e não deve ser abandonado durante as baixas temperaturas, mas procedimentos que exigem exposição ao frio ou ambientes não climatizados devem ser ajustados para evitar desconfortos adicionais. Entre as estratégias de cuidado físico estão o uso de medicamentos moduladores da dor, como antidepressivos tricíclicos e inibidores de recaptação de serotonina; a fisioterapia regular e exercícios de alongamento para preservar a mobilidade; além da prática de atividades físicas supervisionadas, como caminhadas, pilates ou hidroterapia.

O acompanhamento psicológico também é fundamental para evitar alterações no humor, insônia e isolamento social. Tratamentos complementares como acupuntura, massagens e técnicas de relaxamento continuam sendo aliados importantes e podem, inclusive, gerar conforto térmico para o paciente.


Sobre o Dr. Marcelo Valadares:

Dr. Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.

No setor público, recriou a divisão de Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep Brain Stimulation – Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição. Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado à Neurologia.

 

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