O autismo e a superdotação têm ganhado bastante repercussão atualmente, o que contribuiu para haver o reforço de uma suposta relação entre ambos, mas afinal, isso é verdade?
De acordo com o Pós PhD em neurociências e especialista em genômica, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, apesar de haver uma relação genética entre a superdotação e o autismo, nem sempre ambos se desenvolvem juntos.
“Há uma relação entre uma maior predisposição ao autismo e maior predisposição à superdotação que ocorre pelos mesmos genes, mas isso não significa que pessoas superdotadas sejam autistas ou o contrário pois apesar de muitos genes e variantes serem comuns, outros também não são“.
O que explica essa relação?
Diversos estudos se debruçam atualmente sobre a conexão entre o autismo e a superdotação para entender como, apesar da associação entre o autismo e pontos de QI abaixo da média, há genes em comum entre as duas condições.
De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, estudos indicam que essa relação pode estar ligada a causas evolutivas e uma desregulação da inteligência.
“Estudos recentes sugerem correlações genéticas positivas entre autismo e inteligência, apesar do autismo ser comumente associado a QI abaixo da média. A hipótese de uma etiologia envolvendo componentes de inteligência desequilibrada é apoiada por evidências convergentes, como um cérebro de grandes dimensões, crescimento cerebral rápido e capacidades sensoriais aprimoradas“.
“Essas descobertas oferecem uma base evolutiva, indicando que o risco de autismo pode estar ligado à desregulação da inteligência como uma adaptação humana específica. A integração de estudos sobre inteligência e autismo promete descobertas sobre causas neurológicas e genéticas, com implicações em aprimoramento cognitivo, inteligência artificial, relação com esquizofrenia e tratamento de autismo e deficiência intelectual“, ressalta.