Cerca de 150 pessoas participaram nesta sexta-feira de um protesto contra a criação de vagões exclusivos para mulheres nos trens e metrôs de São Paulo. A proposta, de autoria do deputado estadual Jorge Caruso (PMDB), foi aprovada no último dia 4 na Assembleia Legislativa de São Paulo e agora aguarda sanção ou veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O deputado afirma que o objetivo do projeto é reduzir os casos de assédio sexual no transporte, principalmente nos horários de pico. Os movimentos feministas, por outro lado, argumentam que a medida não resolve o problema e só aumenta a segregação.
“A criação de um vagão exclusivo segue a lógica da culpabilização da mulher: a culpa (por um abuso) é dela, da sua roupa, da sua maquiagem. Agora, se acontecer alguma coisa, a culpa vai ser novamente dela se ela não estiver nesse vagão”, disse a cozinheira Lia Godoy, 20 anos, do coletivo RUA. “Isso reforça a ideia de que o espaço público não é das mulheres, só o privado”.Para a estudante Andressa Delgado, 18 anos, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), a medida não foca os verdadeiros culpados pelo problema, ou seja, os homens. “Vamos, então, criar um vagão azul para os machistas que não sabem se comportar”, afirmou.
O ato contou com diversos gritos de guerra, como “só vou parar quando o machismo acabar; não quero vagão rosa, quero respeito já”. Para a estudante Isa Penna, 23 anos, do grupo Mulheres do Psol, uma alternativa seria a realização de campanhas de conscientização. “Também seria muito mais eficaz treinar os seguranças do Metrô e da CPTM”, afirmou.
Mesmo que a decisão esteja agora nas mãos do governador, as companhias de transporte já se manifestaram contra a medida. Em nota enviada à imprensa, o Metrô e a CPTM afirmaram que “entendem que a criação de carro exclusivo para mulheres infringe o direito de igualdade entre gêneros à livre mobilidade”.