Um setor da indústria está se dando bem: os fabricantes de gás lacrimogêneo. Desde a Primavera Árabe o mercado de segurança interna no Oriente Médio teve um aumento de 18% em seu valor, chegando próximo aos 6 bilhões de euros (R$ 17,4 bilhões) em 2012.
Usado por forças de segurança do mundo inteiro para dispersar manifestações, as bombas de gás lacrimogêneo também tiveram destaque recente nas imagens da evacuação do Parque Gezi em Istambul no último fim de semana e da repressão aos protestos em diversas cidades brasileiras contra o aumento das tarifas de transporte público e os gastos excessivos na organização da Copa do Mundo 2014.
A Turquia é um dos casos com mais cobertura midiática e com mais uso do gás. Os protestos contidos com o uso do gás vão desde manifestações contra o estupro de uma mulher na Índia a protestos dos estudantes no Chile e dos professores no México, ou de trabalhadores na França e na Espanha.
Fabricantes
A organização internacional War Resister League (Liga dos Resistentes à Guerra, em tradução livre), que tem uma campanha específica contra o gás lacrimogêneo, identificou a presença de empresas americanas como Combined Systems Inc., Federal Laboratories e NonLethal Technologies da Argentina até a Índia; de Bahrein, Egito e Israel a Alemanha, Holanda, Camarões, Hong Kong, Tailândia e Tunísia.A brasileira Condor Non-Lethal Technologies, uma das principais provedoras da Turquia, vende seus produtos a 41 países. Manifestantes criticam governos por uso excessivo de armas não letais

A expressão “não letal” aparece no nome e marca de muitas companhias. Mas o uso dessa expressão é contestado por especialistas e grupos defensores de direitos humanos, que também questionam a relação próxima entre a indústria, as forças militares e de segurança e governos, que permitiu que o uso do produto fosse se consolidando como arma repressiva favorita ao longo das últimas décadas.

Ambas as organizações sustentam que não é preciso ser mais velho ou estar grávida para sentir efeitos “irreversíveis” dessas armas não letais. Entre as mortes mais recentes atribuídas ao uso de gás lacrimogêneo figuram a do adolescente Ali Al-Shiek Bahrain no ano passado e a do palestino Mustafa Tamini no final de 2011.

Informações obtidas na BBC.