O setor privado de saúde brasileiro está vivendo um momento desafiador. A instabilidade da economia aumentou o desemprego e consequentemente, as operadoras perderam clientes. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entre julho de 2015 e julho de 2016, aproximadamente 1,7 milhão de pessoas deixaram de ter planos médicos particulares.
O momento econômico, aliado ao modelo de remuneração vigente no País, tem pressionado para que o segmento intensifique o debate sobre a adoção de um formato mais sustentável. Atualmente, os estabelecimentos de saúde são pagos por serviços (fee for service), ou seja, todos os procedimentos e insumos são cobrados da operadora. Quanto mais o médico solicita, mais ele ganha no final do mês. Com isso, há um aumento de custos e desperdícios de recursos, já que muitas vezes alguns materiais e procedimentos são desnecessários.
O modelo DRG (Grupos de Diagnósticos Relacionados, em tradução livre) já vem sendo discutido pelo mercado nacional e tem o apoio de entidades como Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) e da Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).
O conceito consististe em reunir pacientes com as mesmas doenças e características e estabelecer um valor fixo a ser pago pelo tratamento. Há também compensações financeiras para hospitais com melhores indicadores de qualidade, como menor taxa de infecção hospitalar, por exemplo.
O DRG já está presente em diversos países, inclusive nos Estados Unidos. No Brasil, existem projetos piloto e algumas operadoras já o adotaram em determinados procedimentos.
A TOTVS, líder no desenvolvimento de softwares de gestão empresarial na América, acredita que, do debate à adoção, ainda há um longo caminho para ser trilhado, mas ele passará, certamente, pela tecnologia. Os sistemas de TI podem atuar como um suporte para que o setor realize essa mudança e controle de maneira efetiva os seus gastos.
Por exemplo, a tradicional avaliação de serviços, hoje, realizada em papel, se integrada à uma cadeia de informações pode ser a catalizadora da melhora na qualidade do atendimento prestado. Além disso, a disseminação dos prontuários eletrônicos também viabilizará o sucesso do DRG no Brasil. Muitas vezes, o médico solicita um exame, já realizado pelo paciente recentemente, mas o profissional não tem esse laudo disponível em uma plataforma integrada e solicita novamente o procedimento.
A adoção da tecnologia permite ter um histórico completo do paciente e possibilita ao médico realizar uma análise mais detalhada sobre a vida da pessoa, chegar a um diagnóstico mais rápido e solicitar os exames realmente adequados. A TI pode ajudar a construir uma colaboração de informações corretas, unificadas e de fácil acesso.
Uma única plataforma para integrar todos os interlocutores de saúde: paciente, operadora, hospital e profissionais da área.
O futuro da medicina está diretamente ligado à integração de dados e a interoperabilidade dos sistemas, tudo para tornar o setor mais sustentável e melhorar o atendimento. Enquanto o formato vigente é focado no volume, o DRG é centrado na satisfação e na qualidade e nesse ponto é possível avançar mais, pois já existem as ferramentas para isso. Conquistar eficiência e sustentabilidade na operação é viável, mas é necessário dar o primeiro passo.