Compra de Ozempic com dinheiro público é investigado em Nova Odessa
Denúncia do vereador André Faganello levou a inquérito policial por aquisição de R$ 9,7 mil
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Desde o mês de janeiro, o vereador André Faganello (Podemos) tem questionado uma compra de medicamentos, no valor de R$ 9,7 mil, em nome da Prefeitura de Nova Odessa. A denúncia é que itens como Ozempic teriam sido adquiridos para uso de servidores municipais. O Ministério Público pediu à Polícia Civil a abertura de inquérito criminal para apuração do caso.
No dia 14 de abril, Faganello discutiu requerimento no qual solicitava informações da Prefeitura a respeito da aquisição de medicamentos de alto custo. O parlamentar disse ter recebido denúncia anônima sobre uma compra pública feita em uma rede de drogarias, de 8 unidades do medicamento Ozempic e mais do Exelon, em nome do ex-secretário de Saúde, Silvio Antônio Corsini.
Originalmente feito para o tratamento de diabetes tipo 2 em adultos, o Ozempic é muito utilizado também por pessoas para emagrecer. Já o Exelon é usado para o tratamento sintomático da demência leve a moderada associada à doença de Alzheimer e à doença de Parkinson.
Na época, Faganello disse que o apontamento era de que os fármacos seriam para uso pessoal de ‘amigos do rei’, se referindo a uma pessoa próxima do prefeito Cláudio Schooder-Leitinho (PSD). No entanto, a municipalidade não teria encontrado nenhum documento sobre quais pacientes foram beneficiados nem informações da localização dos itens adquiridos.

Peculato
Não contente com a falta de respostas, o vereador protocolou denúncia no Ministério Público. E a Promotoria, após ouvir alguns dos envolvidos na compra, determinou a remessa de cópia do ofício à Delegacia de Polícia Civil, requisitando à autoridade policial a instauração de inquérito para a devida apuração dos fatos.
A investigação é por possível peculato – crime contra a administração pública que ocorre quando um funcionário público se apropria ou desvia dinheiro, valor ou bem móvel público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, cuja pena é de reclusão de dois a doze anos, e multa.
“Assim, há indícios da prática, em tese, do crime de peculato/apropriação por algum dos servidores da Secretaria de Saúde ou do próprio (ex) secretário, o que deve ser apurado em inquérito policial próprio”, justifica a promotoria em ofício ao qual o Novo Momento teve acesso.

Denúncia
Na sessão desta segunda-feira (10), André Faganello voltou a comentar sobre o assunto. “Sempre fazemos denúncias de situações que podem ser erradas. Mas pessoas, inclusive lá da administração municipal, diziam: – Ah, não dá em nada, não chega em nada”, ressaltou o vereador.
“(Na época) A Prefeitura não quis me responder. São medicamentos muito caros”, apontou Faganello. “A informação que queremos apurar é que esses medicamentos foram usados por agentes políticos do primeiro escalão do prefeito”, apontou. Segundo ele, o fator mais preocupante é que no processo de compra não constava qual(is) o(s) paciente(s) beneficiado(s).
“Na verdade sumiram com documentos do processo de compras”, revelou Faganello. O vereador analisa como positivo o andamento da denúncia. “Agora a Polícia Civil do Estado de São Paulo irá iniciar o inquérito policial criminal. E com certeza pessoas que foram responsáveis por essa compra irão pagar”, completa.
A reportagem do Novo Momento solicitou o posicionamento da Prefeitura de Nova Odessa a respeito do assunto, através de email enviado à Diretoria de Comunicação. Até o momento da publicação da matéria não houve retorno, mas é concedido o espaço caso a administração municipal queira se manifestar.
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