Gastos das famílias no começo do ano com IPTU, IPVA e material escolar impactam a renda e refletem na retração do consumo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), registrou 123,5 pontos — quedas de 7,3%, em comparação ao mesmo mês do ano passado, e de 1,7%, em relação a dezembro, evidenciando essa cautela [gráfico 1].
Já o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que reflete a percepção e a intenção de consumo no comparativo mensal, registrou alta de 3,1%, marcando 111,8 pontos [gráfico 2]. No comparativo interanual, registrou queda de 1,7%.
[GRÁFICO 1]
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR (ICC),
12 meses
Fonte: FecomercioSP
[GRÁFICO 2]
ÍNDICE DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
12 meses
Fonte: FecomercioSP
De acordo com a Federação, as projeções econômicas de 2025 apontam dificuldades para os consumidores, principalmente pela alta da inflação (estimada em 5,5% para 2025). Por isso, o planejamento financeiro com o ajuste do orçamento e a redução do endividamento será essencial. Já para os empresários, as estratégias devem ser focadas na eficiência operacional. Empresas com soluções personalizadas, condições de pagamentos diferenciadas e que priorizem a experiência do cliente estarão mais preparadas para lidar com esse cenário.
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O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA), que compõe o ICC e mede a percepção dos consumidores sobre o momento presente, registrou queda de 0,5% em comparação com janeiro de 2024, atingindo 122,3 pontos. Por outro lado, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) teve a maior contribuição para a queda do ICC no comparativo anual, recuando 11,3% no comparativo interanual e registrando 124,3 pontos. Esse desempenho reflete as preocupações dos lares com o futuro da economia, dado o ambiente de juros elevados, inflação acima da meta e incertezas acerca das conjunturas fiscal e cambial. A queda de 2% em relação ao mês anterior reforça que essas preocupações persistem e afetam negativamente as decisões de consumo e investimento.
Comparação de consumo por renda
O ICF revela um comportamento distinto entre as faixas de renda no período de janeiro de 2024 a janeiro de 2025. Enquanto as famílias com renda de até dez salários mínimos apontaram uma queda de 2,7% no indicador anual (107,6 pontos), as de renda superior a dez salários mínimos demonstraram maior resiliência, com alta de 0,9% (124,2 pontos) no mesmo período.
A análise ressalta que famílias de menor renda estão mais vulneráveis ao cenário econômico adverso, com inflação elevada e restrições de crédito, que dificultam a aquisição de bens duráveis. Apesar disso, essas famílias registraram um aumento mensal de 4,4% no índice, possivelmente impulsionado por fatores sazonais de início de ano, como o recebimento de décimo terceiro salário e bônus.
Já as famílias com renda superior a dez salários mínimos mantiveram estabilidade mensal, reflexo da menor dependência de crédito e maior capacidade de poupança. No entanto, há sinais de cautela quanto ao futuro, considerando a possibilidade de manutenção das altas taxas de juros, o que pode impactar a confiança desse estrato social nos próximos meses.
[TABELA 1]
ÍNDICE DE INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
Janeiro de 2024 a janeiro de 2025
Fonte: FecomercioSP
O Banco Central (Bacen) adotou uma postura firme no combate à inflação, restringindo o crédito e desestimulando o consumo. Como resultado, o subindicador Acesso ao Crédito registrou queda de 4,4% no ano, acompanhado pelas reduções de 4,4%, na Perspectiva de Consumo, e de 4,6%, no Nível de Consumo Atual. Ainda assim, o mercado de trabalho se mostrou estável, sustentando o subindicador Renda Atual, que apresentou crescimento de 1,8% no ano.
A FecomercioSP avalia que a manutenção dos juros elevados continuará a impor desafios ao consumo ao longo de 2025, especialmente para famílias com menor renda e maior exposição ao crédito. Entretanto, uma eventual flexibilização monetária e estabilidade fiscal poderão contribuir para uma recuperação gradual da confiança do consumidor.
Notas metodológicas
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
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