Metanol em bebidas é crime organizado travestido de comércio, alerta especialista |
O recente aumento de casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas no estado de São Paulo já resultou em três mortes confirmadas e ao menos dez internações em menos de 25 dias. A gravidade do cenário se soma a um problema global: segundo estimativas internacionais, mais de 420 mil pessoas morrem todos os anos por intoxicações químicas, muitas delas ligadas a bebidas ilícitas. Para Paula Eloize, especialista em segurança de alimentos há mais de dez anos, o número real é ainda mais alarmante. Sintomas e riscosO metanol é altamente tóxico. Entre 12h e 24h após o consumo, podem surgir dor de cabeça intensa, náusea, vômito, dor abdominal, confusão mental e visão turva repentina. Em concentrações mais altas, o resultado pode ser cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. “O perigo é que a população não tem como identificar a diferença entre etanol e metanol em uma bebida. É uma roleta-russa química, onde cada gole pode custar a vida”, alerta Paula Eloize. Raiz do problema: crime e falta de rastreabilidadeEntidades que acompanham o setor apontam que, somente em 2025, mais de 160 mil produtos falsificados foram apreendidos no país, além de insumos e equipamentos destinados à produção clandestina. Investigações revelam ainda que lotes de metanol importados ilegalmente para fraudar combustíveis teriam migrado para destilarias clandestinas e falsificadores de bebidas, em operações ligadas a facções criminosas. “Estamos falando de um produto químico altamente tóxico que circula no submundo do crime. Ele sai de esquemas de adulteração de combustíveis e acaba no copo da população. É segurança pública, não só saúde”, denuncia Paula. A especialista explica ainda que o metanol usado em bebidas não tem origem no setor legal de produção. “Estamos falando de sobras químicas e de combustíveis apreendidos em operações contra o crime organizado. Esse material volta clandestinamente ao mercado e acaba nas garrafas. Não é somente fraude comercial, é homicídio químico planejado”, revela A solução, segundo a especialista, está em adotar mecanismos robustos de rastreabilidade. “Enquanto uma garrafa de bebida não tiver o mesmo controle de origem que um medicamento, vamos continuar vulneráveis. Não basta apreender cargas; é preciso rastrear cada lote, da fábrica ao consumidor”, defende. Leia + sobre saúde Intoxicação por metanol: como identificar e agirSintomas mais comuns (12h a 24h após a ingestão):
O que fazer:
Prevenção:
“O Brasil precisa tratar a presença de metanol em bebidas como questão de saúde pública e segurança nacional. A cada caso, não estamos falando apenas de estatística, mas de vidas roubadas por uma cadeia criminosa invisível”, conclui Paula Eloize.
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