Dr. Fabiano de Abreu Agrela comenta pesquisa da Universidade de Ciências de Tóquio com descoberta surpreendente da oxitocina na memória
Em um avanço significativo para a neurociência, pesquisadores da Universidade de Ciências de Tóquio descobriram novas facetas da oxitocina (OXT) e seu impacto crucial na memória cognitiva. Publicado na PLOS One em 16 de novembro de 2023, o estudo explora a influência desta poderosa substância nas funções cognitivas, com ênfase especial na memória de reconhecimento de objetos em camundongos.
Para obter uma perspectiva aprofundada sobre essas descobertas, conversamos com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos e membro indicado Sigma Xi, sobre as implicações deste estudo.
Descoberta Inovadora: A Oxitocina e a Memória Cognitiva
“Este estudo é um marco na compreensão da função cognitiva e suas bases neurais”, afirma o Dr. Agrela. “A ativação de neurônios OXTérgicos no cérebro demonstrou uma melhoria notável na memória de reconhecimento de objetos a longo prazo, algo que até então não era claramente associado à oxitocina.”
Os cientistas utilizaram técnicas farmacogenéticas avançadas para ativar neurônios OXT no núcleo hipotalâmico paraventricular (PVN). Eles observaram um aumento de células positivas para c-Fos, um marcador de ativação neuronal, tanto no PVN quanto no núcleo supramamilar (SuM) e no giro denteado, regiões cerebrais chave na formação de memórias.
Implicações Terapêuticas: Novos Caminhos no Tratamento da Demência
“O estudo não só aprofunda nosso entendimento sobre a oxitocina além dos laços sociais, mas também abre caminho para o seu uso potencial no tratamento de doenças cognitivas como a demência e o Alzheimer”, explica o Dr. Agrela. “A ativação seletiva de axônios OXTérgicos no SuM, levando a uma maior exploração de novos objetos pelos camundongos, sugere uma modulação direta da memória de reconhecimento de objetos.”
Uma Nova Era na Neurociência
Este estudo representa um passo significativo na compreensão dos mecanismos neurais e moleculares subjacentes à função cognitiva. Ele oferece uma nova perspectiva para intervenções farmacêuticas na demência e outras doenças relacionadas ao declínio cognitivo, destacando a oxitocina como um possível agente terapêutico.
“A pesquisa abre um novo capítulo na neurociência, desafiando nossa compreensão da oxitocina e seu papel multifacetado no cérebro”, conclui o Dr. Agrela.