5 dicas para enfrentar a fadiga mental no fim do ano e preservar as funções cognitivas, segundo especialista da Unicamp
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Diante de uma rotina agitada e reflexões intensas nessa época do ano, muitas pessoas se sentem pressionadas. O período costuma ser marcado por um aumento de fadiga mental, além de um desejo de que as obrigações de fim de ano e balanços pessoais cheguem ao fim.
O uso do cérebro de maneira exaustiva reduz a eficiência das conexões nervosas e tende a tornar mais difícil manter o foco, a memória e a capacidade de decisão ao longo do dia. “O funcionamento do cérebro pode ser afetado a longo prazo, interferindo na cognição, na atenção e na memória”, alerta o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Unicamp.
De acordo com um estudo publicado na Frontiers in Psychiatry¹, em 2023, isso acontece devido ao acúmulo de glutamato, um aminoácido essencial à comunicação neural, especialmente no córtex pré-frontal lateral, área responsável por funções cognitivas de alto nível.
O apelo para incluir mais atividades em um período curto, diminuindo as oportunidades de priorização do bem-estar, também pode afetar o humor, aumentar a ansiedade e promover inflamações que prejudicam a saúde do coração e favorecem o surgimento de condições crônicas de saúde. E ainda, o impacto é percebido nas relações interpessoais, na autoestima e no trabalho.
Cinco dicas para proteger o cérebro da fadiga mental
Reduzir os fatores que elevam a sensação de fadiga mental é um desafio durante o mês de dezembro, mas é a melhor alternativa para administrar a tensão e evitar os efeitos prejudiciais que ela pode causar ao cérebro. Ao mesmo tempo, é preciso aderir a hábitos que promovem a resiliência cerebral. Confira:
1) Desacelerar é preciso
O cérebro trabalha melhor quando executa tarefas de forma sequencial, e não simultânea. Ser multitarefa obriga o cérebro a alternar rapidamente o foco, processo que consome energia e reduz a capacidade de atenção. Ao estabelecer compromissos e metas realistas, é possível evitar a sobrecarga, assim como inserir pausas curtas ao longo do dia, que interrompem o ciclo de esforço cognitivo contínuo e ajudam a retomar as tarefas diárias com mais clareza.
2) Evite o excesso de estímulos
O uso frequente do celular, notificações incessantes, o fluxo de informações e o scroll infinito sobrecarregam o sistema nervoso e dispersam o indivíduo, comprometendo a capacidade de manter a atenção. A redução de estímulos também previne a fadiga sensorial e facilita a reorganização mental, o que dá mais estabilidade para o funcionamento cerebral.
3) Inclua exercícios físicos e práticas de relaxamento na rotina
Enquanto a prática regular de exercícios físicos, estimula a liberação de endorfina, melhora a circulação sanguínea e favorece a oxigenação do sistema nervoso central e favorece processos de neuroplasticidade, ajudando o cérebro a manter desempenho adequado mesmo sob pressão, atividades relaxantes, como meditação e alongamentos, reduzem a ativação do sistema de alerta. A combinação cria uma verdadeira proteção contra a fadiga mental, com efeitos positivos na atenção, no processamento de informações e na tomada de decisões.
4) Mantenha uma dieta energética
A nutrição adequada, rica em carboidratos complexos, proteínas de qualidade, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais, garante a liberação gradual de energia para o funcionamento ideal das células nervosas. É importante que o fornecimento seja consistente ao longo do dia, o que ajuda a evitar a sensação de esgotamento.
5) Priorize um sono de qualidade
Além disso, o sono é essencial para que o cérebro execute funções reparadoras. “Durante o sono profundo, ocorre a consolidação da memória, a remoção de resíduos metabólicos e a reorganização de circuitos neurais. A falta de uma boa noite de descanso eleva os níveis de estresse, prejudica o raciocínio complexo e deixa nossa mente mais cansada ao longo do dia”, explica o neurocirurgião. “Por isso, não ignore os sinais de exaustão. O ritmo biológico deve ser respeitado”, alerta ele.
Níveis elevados ou persistentes de fadiga mental, que não estabilizam após a passagem de um período turbulento, devem ser investigados com intervenção profissional. Com acompanhamento adequado, o indivíduo pode restabelecer o poder de processamento cerebral e prevenir impactos prolongados na saúde.
Referências:
¹ WANG, Z.; ZHANG, L.; YU, H.; LI, S.; LIU, Y. Lateral prefrontal cortex thickness is associated with stress and mental fatigue. Frontiers in Psychiatry, Lausanne, v. 14, e1314667, 2023. DOI: 10.3389/fpsyt.2023.1314667. Acesso em: https://www.frontiersin.org/journals/psychiatry/articles/10.3389/fpsyt.2023.1314667/full
Sobre o Dr. Marcelo Valadares:
Dr. Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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