A audiência pública realizada na Câmara Municipal de Americana nesta quinta-feira para tratar da volta às aulas no município sinalizou contrariamente ao retorno das atividades na cidade. Apesar do protocolo de segurança e combate à doença apresentado pelo Secretário de Educação, Vinicius Ghizini, – protocolo esse elogiado pelos parlamentares – a maioria dos presentes indicaram a não aprovação da volta às aulas neste momento.

“O retorno já é fato no estado de São Paulo e em Americana. É fato para uma parcela da população. Fato na rede estadual e rede particular. Risco zero não existe na escola e nem fora da escola. Você pode diminuir o impacto e o risco do contágio. Temos tomado muito cuidado e temos feito um esforço muito significativo pra fazer a entrega dos materiais, como termômetro, máscara faceshield, descartáveis, de tecido e os totens de álcool e tapetes higienizantes”, disse Ghizini.

Grande parte dos posicionamentos questiona a não vacinação dos professores e servidores da educação. O tema foi citado não só pelos parlamentares, mas também pelo presidente do sindicato dos servidores, Toninho Forte e a responsável pela subsede da Apeosp em Americana, Zenaide.

O especialista em infectologia e integrante do Comitê da Covid19 em Americana, Dr. Arnaldo Golveia, afirmou que, nesse momento, não é favorável à volta às aulas.

“A cidade provavelmente vai para a fase vermelha nos próximos dias. Enquanto não tiver um percentual mínimo da população vacinada uns 30 ou 40%, vamos continuar nesse vai e volta. Hoje provavelmente não (a favor da volta às aulas). Vamos ser atropelados pela epidemiologia da doença, estamos vivendo um período de aceleração da pandemia”, disse Golveia.

Golveia e o vereador e também médico Dr. Daniel (PDT), relataram a situação dos hospitais em Americana, principalmente o Hospital Municipal, e afirmaram que a situação nos últimos dias piorou bastante. “Hoje internamos 3 pessoas no hospital municipal, antes a gente internava esse número em uma semana”, disse Golveia.

“Vamos ter consciência e esperar mais um pouco”, disse Dr. Daniel.

Apesar de grande parte dos posicionamentos dos presentes serem contrariamente ao retorno das aulas, Ghizini afirmou que – em conversa com o prefeito Chico Sardelli (PV) durante a audiência- a cidade deve manter a postura de que está preparada para o retorno das aulas e não deve tomar nenhuma decisão unilateral, seguindo o que for decidido pelo Plano São Paulo.

A tendência de regressão de fase nesta quarta-feira por parte do governo do estado deve determinar a decisão. Caso haja uma mudança nos planos de retorno às aulas, previsto para 1º de março, por parte do governo do estado, o comitê de crise da Covid-19 de Americana deve decidir se a cidade adiará de fato o retorno ou manterá no dia 1º. Vale ressaltar que o retorno dos alunos na forma presencial não é obrigatória e sim facultativa.

Veja alguns posicionamentos dos vereadores:

Lucas Leoncine (PSDB) defendeu retorno. “Heróis da linha de frente daqui pra frente pela educação das nossas crianças” .

“Governo do Estado não pensou nos professores. Aliás vem esquecendo há muito tempo. Esqueceu dos professores e da segurança pública”. – Thiago Brochi (PSDB).

“A Covid19 não esta na sala de aula, e sim em todos os lugares. Nós precisamos de estatísticas e nós não temos, principalmente no nosso País”. – Gualter Amado (Republicanos).

Marschelo Meche (PSL) é a favor da volta às aulas, mas fez apelo para que os profissionais da educação também recebam a vacina.

“Hoje eu sou contra”, afirmou Rodrigo Mileta, coordenador do Conselho Tutelar de Americana.

Dr. Renato Martins (PTB) se declarou contra a volta às aulas.

Representantes de pais e população afirmaram que as crianças “clamam por socialização” e que, ao contrário do que sempre foi, hoje pedem para ir à escola.

Faltaram à audiência os vereadores:

Dr. Otto (Cidadania) – não justificou ausência

Léo da Padaria (PV) – não justificou ausência

Vagner Malheiros (PSDB) – não justificou ausência

Juninho Dias (MDB) – está operado

Nathália Camargo (Avante) – justificou compromissos anteriormente agendados.