Na Enciclopédia da Música Brasileira, de Marcos Antonio Marcondes, o “brega” é caracterizado como a “música mais banal, óbvia, direta, sentimental e rotineira possível, que não foge ao uso sem criatividade de clichês musicais”.
Recentemente nos deparamos com um evento nacionalmente impactante, um jovem cantor de músicas sertanejas perdeu a vida tragicamente interrompendo sua trajetória de Sucesso. Mas o que mais incendiou as redes sociais não foi necessariamente sua morte ou sucesso… Foi sim, a discussão intrépida entre os perfis do Facebook , de um lado se defendia a excelência do rapaz como artista, de outro, sequer sabiam seu nome e de quem se tratava…Mas afinal; o que separa o “Brega” (Que se considera de mau gosto, não ter refinamento. De qualidade inferior. Que, ou o que não tem maneiras refinadas), do Cultural (comportamento de crenças, manifestações artísticas transmitidas coletivamente e típicos de uma sociedade)? Só pelas definições vemos que “nada”!Vemos que a definição de Cultura, de ser culto, é muitas vezes erroneamente compreendida, de fato toda e qualquer manifestação artística indiferente se permeada de refinamento, ou cafonice, é sim considerada arte, portanto, inserida se encontra na Cultura num todo. Isso não significa que estejam estas, livres tanto uma quanto outra, da crítica aguçada dos “cultos” de plantão, ou ainda dos que se acham ser… Voltando ao evento recém-ocorrido, pôde-se notar esse equívoco quanto ao que se considera Cultura e o que se considera ser culto… Muitos sequer conheciam o artista, repudiando sua música brega (sertaneja) no ritmo de refrão como: Bará bará bará, Berê berê berêBará bará bará, Berê berê berêBará bará bará, Berê berê berêMas se entregaram agindo assim, pois sim, “Bará Berê” é Cultura, cultura brega, mas sim, é Cultura. Cultura não complexa, repleta de raciocínio lógico ou profundidade de reflexões como “Construção” de Chico Buarque, onde não há refrão, e sim um conto curto a cada música. Mas há a face do sertanejo onde se dança, se ri sensualizando a cada frase de fácil memorização. Precisamos entender que o Brega, o Sertanejo, o Funk dentre outros, apreciemos ou não, é parte de nossa Cultura, assim como o Country nos USA por exemplo. Isso não nos obriga à gostar, à ouvir por prazer… Mas se queremos realmente ser “cultos”, precisamos entender que selecionar conhecimento não faz parte desse perfil. Ser culto é aceitar as diversidades, mesmo não se identificando com elas, mas ao menos estar por dentro do que ocorre no mundo artístico num todo. Agora, quando me perguntarem acerca do que realmente vale a pena ouvir… Aí já será outra história.