A cantora Missaka, conhecida como a “Japa do Funk” e que está fazendo sucesso com o videoclipe da música “Mister DJ” no canal da produtora KondZilla no YouTube, fala sobre sua carreira e admite que sofre preconceito por ser funkeira.
“Meu primeiro nome é Francine e vivo de música há tempos na noite paulistana. Tenho minha banda de samba rock chamada Sambasonics, já fiz backing vocal para muitos artistas como Double You, Seu Jorge, Leonardo, Sidney Magal… Nesse mundo de viver de música percebi que como cantora crooner sobrevivi e satisfiz alguns sonhos, mas para realmente satisfazer os meus maiores cobiçados sonhos no Brasil preciso ser uma entreteiner (artista) e não cantora técnica. Claro que uma agrega valor à outra, mas não depende só disso para se ter reconhecimento. Desde pequena me inspirava em cantoras como Mariah Carey, Whitney Houston, Chaka Khan, Ella Fitzgerald e Beyoncé pela técnica vocal (melismas e tessitura vocal), mas para a música brasileira toda essa técnica não é muito aplicável. O Brasil quer ouvir o ritmo, saculejar, sentir o grave batendo solto no ínfimo (risos) e alguém ali à frente com o microfone incentivando-os a se soltarem. Por isso que hoje existe essa febre de MCs (mestre de cerimônias), ou seja, entreteiners”, explica a nipomorena.
“Já cantei todos os estilos na noite para pagar as contas, mas com o funk acredito que além de um carinho especial, um livre arbítrio, posso atingir todas as classes sociais. Sempre lutei contra o racismo desde quando cantava samba nas noitadas da Vila Madalena em São Paulo. As pessoas me viam, chegavam na ponta do palco e perguntava se ia cantar em japonês. Até começar a soltar a voz e perceberem o quanto brasileira eu era e sou. O preconceito é um achismo, pré-julgamento de algo que a pessoa não conhece. Ouçam meu funk e deixem de me pré-julgar”, esbraveja Missaka.
“O funk é universal pois engloba muitos estilos dentro dele como r&b, soul, funk carioca, samba, entre outros, além de polêmico, despojado, livre, atual realístico, sensual, simples, pop e dançante. Assumi o funk pois dentro de todas as personalidades que a Missaka já trabalhou o funk é a qual ela pode englobar todas suas facetas artísticas. Ter uma japa no funk é inédito e a pessoa olha por esse lado. Missaka fala sobre empoderamento feminino, amor, sobre as raças e luta contra o preconceito. No meu videoclipe da música ‘Musa’ fiz questão de fazer com as drags queens mais poderosas do Rio de Janeiro que também sofrem preconceito”, completa a cantora.
“Já fiz parte do grupo de rap RZO e concorremos já ao VMB com o clipe e música ‘Respeito Oriental’. Sou parte integrante de um grupo de atores chamado ‘Coletivo Oriente-se’,ou seja , sempre na luta pela inclusão social. O Brasil é feito de multiraças. ?? preciso haver mais espaço para os orientais na mídia, assim como para outras etnias também”, acrescenta Missaka.
Clipe com KondZilla
Missaka lançou em março o clipe da música “Mister DJ” após vender seu carro para gravar com a produtora KondZilla, que possui 13,1 milhões de incritos no YouTube e mais de três bilhões de visualizações no canal. Ela está eufórica com a repercussão do clipe que está perto de alcançar um milhão de visualizações sem precisar apelar para bundas e palavrões e ainda temperar com uma pitada de arrocha no canal funkeiro. Assista ao clipe: https://www.youtube.com/watch?v=nvRjUYbZBFM
“Cogitava meu clipe com o KondZilla há muito tempo, mas estava esperando a melhor oportunidade para gravar. Quando decidi, mesmo conhecendo eles, fiquei na fila de espera por dois meses (risos). ?? tanta gente querendo gravar com o Kond… Vendi meu carro para poder pagar esse clipe, mas não vai pensando que é só chegar, pagar e está pronto. Tive que fazer a produção toda. Eu e a produtora Grazy corremos atrás de figurino, local, elenco, roteiro, produção de objetos, comes e bebes para a galera, além de fazer a coreografia. Para isto contei com a ajuda da minha amiga coreógrafa Keila Fuke. Ensaiamos o ballet todo, fomos maquiadoras e etc…”, conta Missaka.
“Realmente foi exaustivo, tanto que no dia seguinte da gravação desabei a chorar de emoção de ter vencido essa etapa com sucesso. Orei em nome de cada pessoa que participou e me ajudou no clipe. Todos ficaram lá no set por oito horas de sorriso em pé e me dando energias positivas. E todos vieram na parceria mesmo pois acreditam no meu trabalho e na música, o que torna esse videoclipe ainda mais especial. Isso sem contar com a presença do coletivo, os atores orientais, Rapper DBs, Tio Fresh e James D que abrilhantaram as cenas. Foi até uma TV canadense (TV Pimiento)fazer uma entrevista exclusiva comigo pois estão fazendo um documentário sobre o funk”, detalha a cantora que transborda entusiasmo.
“Este clipe está bombando e em breve poderei contar com uma estrutura melhor pois sem empresário está difícil (risos). Mas sou forte, sou mulher oras… Lavo, passo, cozinho, canto, componho e danço. Tudo de uma vez só. Gravar clipe é so mais um detalhe (risos). A música chama-se ‘Mister DJ’. ?? um funkarrocha com letra minha com parceria do meu amigo regueiro Marcelo Mira, e fala sobre a mulher de hoje, independente, decidida e poderosa. Que vai para a balada com as amigas e faz o que bem entender. Paga camarote e tudo mais. Duela com os homens perguntando quem vai a levar para casa no sentido de quem vai ganhar este prêmio. Uma brincadeirinha chiclete (risos). O clipe ficou o máximo, até o diretor Gabriel se surpreendeu com o resultado. Sei que agora estou a pé, mas valerá a pena! Aliás tudo vale a pena quando se vai em busca de um sonho!”, finaliza a “Japa do Funk”.