O Zooparque Itatiba registrou o primeiro nascimento de um filhote de tamanduá-mirim, uma espécie nativa da fauna brasileira, mas que também habita outros países da América do Sul. O filhote, uma fêmea, nasceu de forma natural, na madrugada do último dia 05, pesando 222g. Ela recebeu o nome de Tulipa, em votação popular feita neste domingo (25), no “Fantástico”.
Os pais de Tulipa, Tapioca e Tomy, chegaram ao zoo depois de adultos. Ambos são provenientes de resgates: tornaram-se órfãos depois que suas mães morreram atropeladas em rodovias. O outro casal do zoo, formado por Bisnaguinha e Thomás (órfãos pelo mesmo motivo), também espera um filhote.
O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), também conhecido como tamanduá-de-colete, é encontrado em todos os biomas brasileiros, mas são nítidas as diferenças morfológicas nas diferentes populações. Animais ao Norte do Brasil possuem coloração mais escura e o corpo mais alongado, assim como focinhos e orelhas. Os animais da Mata Atlântica são mais claros e com colete bastante definido. Já os animais do cerrado são mais robustos e com coloração mais dourada.
Embora não conste na lista oficial de animais ameaçados de extinção no Brasil, o tamanduá-mirim já desapareceu em diversas regiões. No Estado do Rio Grande do Sul, a espécie já é classificada como VU (vulnerável). Grande parte da população está presente em áreas protegidas, mas, infelizmente, está em declínio. As principais ameaças são: atropelamento, caça, ataques de cães domésticos e, principalmente, a destruição de habitats, assim como os incêndios florestais. A conservação do tamanduá-mirim depende de ações mitigatórias. No Zooparque Itatiba, que é uma instituição comprometida com a conservação da espécie, a proteção destes animais é garantida.
No zoo, os tamanduás recebem cuidados diários da equipe. Depois que o cuidador Sérgio Silva observou a cópula dos animais, várias mudanças de comportamento e no corpo das fêmeas foram percebidas, como aumento da região abdominal, além do ganho de peso. Para confirmar a gestação, o Zooparque chamou a veterinária Patrícia Stancu para fazer ultrassom e a boa notícia foi confirmada nas duas fêmeas. A gestação dura cerca de 120 a 190 dias, nascendo apenas um filhote por vez.
VÍTIMAS DE ATROPELAMENTO
Tapioca, a mais nova mamãe, chegou ao Zooparque em junho de 2021. Sua mãe foi vítima de atropelamento no Piauí e não sobreviveu. Filhote, ela foi levada e criada pelos profissionais do Instituto Tamanduá, do Piauí, até se tornar adulta e ser transferida para o Zooparque Itatiba, onde foi pareada com Tomy, morador do zoo desde 2009, encontrado ainda filhote depois de sua mãe também ter sido vítima de atropelamento na região de Araraquara (SP). A aproximação do casal aconteceu em março de 2022 e Tomy, apesar de idade já avançada para um tamanduá-mirim, mostrou que ainda está esbanjando saúde.
Tapioca e a filhote, por enquanto, não estão no recinto de exposição. Eles estão em uma área de maternidade, pois precisam de cuidados especiais, visando sempre a saúde e bem-estar dos animais. A outra fêmea, Bisnaguinha, também não pode ser vista, pois também está à espera do seu primeiro filhote, fruto da aproximação do macho Thomás.
Tanto Bisnaguinha quanto Thomás também perderam as mães por atropelamento, sendo ela criada na mesma instituição que Tapioca até ser transferida para o Zooparque em 2019, e ele criado pelos profissionais da Autopista Fluminense – concessionária que administra 320 quilômetros da Rodovia BR-101, que liga o Rio de Janeiro ao Espírito Santo – antes de ser transferido para o zoo, em 2016.
O público que visita o zoo pode observar os pais, Tomy e o Thomás, no recinto de exposição e acompanhar as redes sociais para saber a data em que os filhotes estarão no recinto.
COOPERAÇÃO TÉCNICA
A reprodução de espécies ameaçadas no Zooparque Itatiba mostra como a instituição é comprometida com a conservação. Considerando a situação da espécie, torna-se cada vez mais importante a participação dos zoológicos e criadouros conservacionistas em projetos de conservação. Atualmente, o ICMBio e a Azab (Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil) firmaram um acordo de cooperação técnica que visa a proteção de espécies ameaçadas. Para início, o foco desse projeto está em torno de 25 espécies. Isso mostra que, cada vez mais, todos estão se unindo para trabalharem juntos pela conservação das espécies.