Maria Antonieta disse que o sans culotes (pobres) deveriam comer brioches caso não tivessem pão. O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) parece ter visão quase tão ampla e profunda quanto a da decapitada rainha no trato com a ralé que precisa de atendimento básico de saúde. E isso era feito pelos abnegados médicos cubanos que pagavam o imposto (ou taxa) do governo do regime socialista de onde vêm.
Esse descompasso com a base da sociedade- que não votou maciçamente nele- pega até bem pro eleitor branco ruralista/investidor, mas pode ser o primeiro revés no trato com o grosso do eleitorado. 
Os temas moralistas parecem não serem capazes de formar o fundamental da opinião do eleitorado (como a corrupção, o fim do modelo Nova República e um pouco do ‘excesso de direitos humanos’). Mas o acesso à saúde e demais serviços fundamentais- água, combustíveis, segurança e educação- tendem a ser fundamentais na avaliação do presidente que começa a governar em janeiro.
Como aconteceu em SP quando a polícia agrediu a molecada encastelada nas escolas em 2015, a reação geral tende a ser de reprovação às medidas que trarão grande prejuízo nos serviços fundamentais. E logo após o carnaval o ano vai começar, com gente precisando de médico e outros serviços ‘do governo’.