Depois de operar em baixa em grande parte da sessão, o dólar inverteu a trajetória e permaneceu em alta até o fechamento, no nível de R$ 3,25, com a cena política levando os investidores a optar pela cautela diante do final de semana.
Até então, o dólar cedia patrocinado pelos dados mais fracos do mercado de trabalho norte-americano, o que deve esfriar apostas de mais altas de juros nos Estados Unidos.
Na sessão, o dólar avançou 0,24%, a R$ 3,2546 na venda. Na mínima, a moeda marcou R$ 3,2202 e, na máxima, R$ 3,2596. Na semana, a moeda acumulou baixa de 0,33%. O dólar futuro trabalhava praticamente estável.
“O mercado inverteu [a trajetória] com o político, em busca de proteção, com a possibilidade de novas gravações ou outras notícias surgirem”, justificou o gerente de tesouraria do Banco Confidence, Felipe Pellegrini.
A atual crise política surgiu após o presidente Michel Temer ter sido gravado em conversa inapropriada por empresário do Grupo J&F, que usou o material em delação premiada. O presidente é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), entre outras coisas, por corrupção passiva.
Além do temor com alguma notícia negativa que venha a sair no final de semana, investidores também estavam cautelosos com o desfecho do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na próxima semana.
Nesta sessão, repercutiu a notícia de que procurador-geral da República pediu novamente na quinta-feira a prisão de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente Michel Temer, no âmbito do inquérito em que ambos são investigados por suspeitas de corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Apesar da cautela, em boa parte da sessão o dólar trabalhou em queda ante o real, influenciado pelos fracos dados norte-americanos do mercado de trabalho do país.
O BC não anunciou qualquer intervenção para o mercado de câmbio para esta sessão. Em julho, vencem US$ 6,939 bilhões em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.