Minha experiência de mais de 12 anos dentro do mercado de capital humano, especialmente trabalhando com recolocação de lideranças, e os aprendizados que a pandemia nos trouxe reforçam a tese de que santo de casa faz milagre, sim. Não é à toa que, mesmo antes da crise mundial que se instalou por causa do novo Coronavírus e o redesenho das companhias a partir dela, já se investia, e muito, em formação interna, como processos de treinamento, os famosos Programas de Trainee, e estágios.
Quem cresce na empresa tem chance de saber, mais do que ninguém sobre o verdadeiro DNA da companhia. É perceptível que as principais lideranças, ou ao menos as mais respeitadas, foram criadas “dentro de casa”, como podemos dizer. E foram elas que enfrentaram a crise de cabeça erguida e mais: que souberam levar junto os seus times, sem perder o compasso.
Quando uma liderança é treinada e efetivada para estar naquele cargo, geralmente ela se torna uma disseminadora da cultura da empresa e consegue multiplicar isso para as outras pessoas da empresa, os times sabem para onde ir quando têm um líder que é orientador e respeitado exatamente por isso.
Acredito que dentro do mercado de contratações, há dois pontos importantíssimos que precisamos ressaltar neste quase pós-pandemia:
- Quem já era respeitado teve maior facilidade de manter os resultados da empresa. Com o advento do home office, o líder que era “distante” de seu time teve uma dificuldade tremenda. Já quem estava com o respeito da equipe em dia, ou seja, já era seguido antes, se adaptou mais facilmente e mais: ajudou seus times a se adaptarem também. A gestão virtual foi infinitamente mais produtiva para quem já estava com a própria liderança em dia.
- Com as dificuldades que surgiram, ficou fácil achar o trabalho enfadonho, acreditar que estava no lugar errado e não se ver mais naquela posição, seja de líder, seja de subordinado. Tive um caso muito peculiar de um CFO que decidiu trocar de companhia em plena pandemia. Seu currículo e o trabalho que realizamos, muito focado e particular para cada caso, possibilitou a troca rápida. Acontece que, na nova empresa, ele encontrou as mesmas dificuldades, o que o desmotivava no trabalho antigo estava lá, repaginado, mas ainda assim, acontecendo também na nova empresa.
Isso mostra que as lideranças, quando bem formadas, conseguem olhar mais adiante, tem uma observação mais assertiva sobre os caminhos que a empresa vai percorrer e tendem a permanecer com seus times e suas lideranças. Nos dias de hoje, mudar de empresa significa não apenas mudar e ambiente, mas de equipe remota, o que pode dificultar ainda mais a adaptação de uma gestão.
Ao meu ver, oferecer subsídios para que as lideranças se encontrem em uma posição de liberdade com as ferramentas certas, que possam entender seus times e para onde a empresa deve caminhar e possam imprimir a sua marca no trabalho que realizam é fundamental para levar o barco mesmo em meio à crise. Ela vai passar, as lideranças podem, além de continuarem as mesmas, se tornarem ainda melhores com o tempo.
Quem é Marcelo Arone?
Marcelo Arone é Headhunter, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, com 12 anos de experiência no mercado de capital humano. Formado em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com especialização em Coach Profissional pelo Instituto Brasileiro de Coaching, Marcelo já atuou na área de comunicação de empresas como Siemens e TIM, e no mercado financeiro, em empresas como UNIBANCO e AIG Seguros. Pelo Itau BBA, tornou-se responsável pela integração da área de Cash Management entre os dois bancos liderando força tarefa com mais de 2000 empresas e equipe de 50 pessoas. Desde então, se especializou em recrutamento para posições de liderança em serviços, além de setores como private equity, venture capital e empresas de Middle Market, familiares e brasileiras com potencial para investidores. Já entrevistou em torno de 8000 candidatos e atendeu mais de 100 empresas em setores distintos.