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Pesquisas trazem dados inéditos sobre a ameaça dos microplásticos na Amazônia

Da Antártica ao Ártico, microplásticos são poluentes que constituem uma crescente ameaça global. Duas pesquisas apoiadas pelo Programa Bolsas FUNBIO – Conservando o Futuro, trazem dados inéditos sobre microplásticos num bioma considerado vital para a saúde ambiental do planeta: a Amazônia. Os estudos contribuirão para uma maior clareza sobre o impacto dos microplásticos sobre a rica fauna de peixes da Amazônia, estimada em mais de duas mil espécies. Essa rica fauna é vital para a alimentação, a geração de renda e o equilíbrio do ecossistema. Os dados permitirão também conhecer a real distribuição desses poluentes no delta do Amazonas e como o fluxo pode ser alterado pelo aquecimento global.

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A bióloga Viviane Caetano, doutora em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), estuda como os microplásticos podem afetar insetos que dão início à vital produção da cadeia dos nutrientes que alimentam as milhares de espécies de peixes encontradas na bacia amazônica. E, também, como o aquecimento global afeta esses insetos. Caso os microplásticos provoquem a redução da população de insetos, o efeito cascata seriam menos nutrientes para os peixes, o que impactaria a cadeia da pesca que alimenta e gera renda na Amazônia. Além disso, insetos contaminados podem ser ingeridos por peixes consumidos pelas populações, resultando em contaminação humana.

“Espero que os olhares se voltem para a questão da educação ambiental, pois estamos falando do legado para futuras gerações. A ideia é que não seja só um dado acadêmico, gostaria de divulgar os resultados junto à população, contar que o lixo plástico jogado nos rios pode afetar um inseto que por sua vez pode afetar a alimentação das pessoas”, diz Viviane.

Microplásticos são pequenas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro que estão presentes em diversos ambientes, incluindo oceanos, rios e lagos e pode se dispersar também pelo ar. Essas partículas podem ser originadas de diversos produtos, como cosméticos, roupas sintéticas, embalagens e garrafas plásticas.

Outra pesquisa apoiada é a de Gabriel dos Anjos, doutorando da UFPA. Gabriel coletará e comparará amostra do delta do Amazonas com outras da zona urbana de Belém. Os dados serão usados na construção de um modelo inédito que permitirá entender com agilidade a distribuição e o comportamento dos microplásticos frente às mudanças climáticas que têm provocado eventos extremos como secas e fogo.

“Estima-se que aproximadamente 700 mil toneladas de resíduos plásticos adentrem os oceanos todos os anos. Entre os rios mais poluídos do mundo, destaca-se o Amazonas, com uma emissão de 38 mil toneladas de resíduos plásticos. Como consequência, a bacia amazônica possui um alto potencial de lançamento de microplásticos para o oceano”, explica Gabriel.

Para o pesquisador, a não redução de plásticos é o problema mais relevante no momento, uma vez que a taxa mundial de reciclagem de resíduos plásticos atinge apenas 9%. E no Brasil, apenas 1,28%. Isso resulta na maioria desses poluentes sendo despejados no meio ambiente: “Os microplásticos podem ser consumidos pelos peixes e acumulados devido ao seu tamanho e baixa biodegradabilidade. Além disso, têm o potencial de entrar na cadeia alimentar e causar problemas de saúde. Evidências de ingestão de microplásticos foram relatadas em mais de 150 espécies de peixes de sistemas de água doce e marinhos”, constata o pesquisador.

Para ambos os pesquisadores, a reciclagem dos produtos e, principalmente dos plásticos, é uma das formas para solucionar esse problema cada vez mais alarmante. “Por isso, é importante adotar medidas para reduzir a produção e o uso de plásticos, bem como promover ações de conscientização e educação ambiental para mitigar os impactos dos microplásticos nos ecossistemas aquáticos e na nossa saúde”, finaliza Viviane Caetano.

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