Com o sucesso que alguns realities voltaram a ter no Brasil, vários outros começaram a surgir, com diferentes formatos e perfis de participantes. Obviamente, o programa de maior audiência no país é Big Brother Brasil (BBB), que em suas últimas duas edições reformulou seu formato e trouxe, além de anônimos, influenciadores para participar do reality. Na edição de 2020, em uma de suas eliminações, por exemplo, no ‘paredão’ entre a cantora Manu Gavassi e o arquiteto Felipe Prior, a audiência da rede Globo alcançou os 31,4 pontos, uma das médias mais altas dos últimos tempos da emissora. Além disso, o episódio bateu o recorde mundial de votação ao atingir mais de 1,5 bilhão de votos.
Em outro reality famoso no país, A Fazenda, da Rede Record, a final entre o cantor Biel e a cantora Jojo Todynho, também rendeu um bom alcance para a emissora: 20 pontos no pico da audiência, também tendo mais de um bilhão de votos para a vencedora da edição. O grande sucesso dos realities nos últimos anos no Brasil se deve, além de outros fatores, ao maior tempo em casa que os telespectadores têm passado, por conta da pandemia. Por confinarem pessoas, possuir provas e trazer a dificuldade da convivência sem muitas distrações, os realities têm chamado a atenção do cidadão que está em frente à televisão por mais tempo nos últimos meses. Por isso, as redes sociais também têm tido um fluxo cada vez maior de usuários e, centenas de milhares deles, discutindo e pautando esses programas de TV.
Aproveitando o engajamento, os realities incentivam ainda mais esse fluxo natural para se manter em alta tanto no mundo online quanto no offline. Para o especialista em marketing digital e CCO da agência Stardust Digital, Fernando Soni, por meio das redes sociais os programas fazem com que o público se sinta mais próximo dos participantes e dos acontecimentos do dia a dia dos realities. ‘‘O público, de alguma forma, se sente ouvido’’, diz Soni. ‘‘Essa conexão faz com que eles se sintam parte de algo maior, já que os episódios não são algo imposto pela produção do programa’’, afirma o especialista.
De acordo com ele, tudo é pensado para gerar diversas sensações no público. ‘‘O roteiro é inteiro desenhado visando gerar curiosidade, ansiedade e diversas outras sensações no público-alvo’’, afirma. ‘‘Outro fator é a decisão final: em realities como o Big Brother Brasil e A Fazenda, por exemplo, o roteiro e a edição são feitos pela produção, mas quem decide quem sai e quem fica, no final é o público’’, complementa.
Discussões importantes
Além do entretenimento, os programas acabam trazendo diversas discussões tanto para os participantes dos realities quanto para o público que assiste, fazendo com que, novamente, haja uma aproximação da realidade com o entretenimento. ‘‘Os realities são exatamente o espelho da sociedade, portanto, todos os temas ‘polêmicos’ que surgem internamente são externalizados e os fãs debatem fervorosamente nas redes sociais’’, destaca Soni. ‘‘As equipes de marketing dos realities podem utilizar essas pautas para promover algumas reflexões nos episódios de forma sútil. O marketing deve ser sempre imparcial, pois o foco deles é manter ou aumentar a audiência e não perder público’’, diz o especialista, sobre a utilização do marketing digital pelos realities.
Para ele, as emissoras perceberam que o marketing digital é fundamental para manter ou até ganhar mais audiência durante o período do reality. ‘‘Interagir diariamente com o público é algo essencial, e isso se torna extremamente satisfatório, também, para os anunciantes, que conseguem enxergar suas marcas circulando 24 horas por dia nas redes sociais, e não somente durante a exibição dos programas na televisão’’, afirma. Para quem quer trazer um pouco das ações dos realities para o seu próprio universo das redes sociais, Soni dá algumas dicas. ‘‘Promover perguntas, enquetes, promoções, cupons de desconto podem ajudar no que chamamos de divulgação espontânea, gerando mais interesse do público pelos conteúdos que estão sendo trabalhados’’, completa.