O mau hálito, nome popular da Halitose, é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável, gerando odor incômodo que sai pela boca e/ou narinas.
No Brasil, pesquisas realizadas revelam que aproximadamente 40% da população sofre com esse problema, cerca de 50 milhões de pessoas. É importante ressaltar que o mau hálito pode acometer qualquer pessoa, independe da idade ou sexo. Isso quer dizer que qualquer um pode passar por essa situação, mesmo que tenha uma boa higiene bucal.
A cirurgiã-dentista e especialista em Halitose Dra. Bruna Conde comenta, que é preciso esclarecer que a halitose não é uma doença, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde. Entre as queixas mais frequentes recebidas no consultório sobre essa condição estão o gosto amargo (que parece ser a campeão) ou gosto ruim na boca, sensação de boca seca, língua branca e, pasmem, hálito com cheiro de fezes. Isso mesmo! Mas isso é possível? Como assim cheiro de cocô na boca?
A percepção pode ser mesmo essa, mas nem sempre ela é real. Vamos aos fatos: há dois tipos de halitose, a clínica e a subclínica. A condição clínica é quando o odor ruim pode ser sentido por pessoas do convívio e percebida na consulta de diagnóstico qualificado. Raramente o mau cheiro é percebido pela própria pessoa que está com mau hálito, devido ao processo de fadiga olfatória.
Sendo assim, é preciso que alguém a conte sobre a alteração do hálito. Mas será que uma pessoa próxima comunicaria a outra que o hálito está com cheiro de fezes? Provável que não… Talvez só alguém muito próximo fosse capaz de relatar isso dessa forma.
Já o outro tipo de halitose, a subclínica, o odor desagradável é sentido apenas pela própria pessoa. Nem amigos, nem cirurgiões-dentistas qualificados e até mesmo os aparelhos de medição, conseguem detectar esse cheiro. Nesses casos, recebemos algumas vezes queixas de hálito fecal, carniça, sangue quente, dentre outros. Parece estranho, mas a pessoa pode sim sentir dessa forma por várias causas, incluindo alguma alteração olfativa.
Muitos métodos foram desenvolvidos para medir mau cheiro. “No consultório temos um aparelho tecnológico capaz de medir e diagnosticar a halitose e distinguir qual a origem do problema.” conta a Dra. Bruna Conde.
Mas como o mau hálito pode comprovadamente ter cheiro fecal? O mais comum na halitose de origem bucal, quando o cheiro se assemelha a fezes, é que o mau odor está sendo emitido por compostos orgânicos ou sulforados voláteis, decorrentes da doença periodontal (gengiva). Isso se dá quando temos tecidos bucais em putrefação, somado ao acúmulo de bactérias capazes de gerar esses gases malcheirosos. A doença periodontal, muitas vezes, é capaz de aumentar a quantidade de nutrientes que essas bactérias precisam para alterar o equilíbrio bucal.
Vale lembrar, que, em 90% dos casos de halitose, o problema tem origem na boca, como doenças gengivais. A periodontite pode gerar um odor semelhante ao cheiro de fezes por causa de componentes sulfatados produzidos pelas bactérias.
A cirurgiã-dentista ressalta que, por outro lado, manter a saúde das gengivas, a higiene bucal, o controle bacteriano pelo fluxo salivar e a visita frequente do periodontista é a melhor maneira de evitar o que muitas vezes pode ser entendido como cheiro de fezes. No entanto, raramente o hálito chega a ser mesmo como odor de cocô. O cheiro das doenças periodontais é bem característico e nem sempre ter a doença periodontal instalada significa ter mau hálito.
Problemas intestinais podem provocar cheiro de fezes na boca?
Na prisão de ventre, o bolo fecal não eliminado produz compostos que são absorvidos pela corrente sanguínea. Ao serem, em seguida, eliminados pelos pulmões, deixam um mau cheiro na boca.
“Quando a halitose sai pela boca e pelas narinas na mesma intensidade ou muito semelhante com odor de fezes, há, sim, que se investigar algum transtorno gastrointestinal. Os compostos orgânicos indol, escatol e sulforados como o dimetilsulfeto e a metilmercaptana, podem sair pela respiração nasal e/ou bucal. Nesses casos, o tratamento é multidisciplinar. Enquanto o médico cuida do sistema, o cirurgião-dentista qualificado no diagnóstico e tratamento da halitose controla o hálito bucal.” destaca Bruna Conde.
O cheiro de cocô também pode indicar a necessidade de uma investigação de transtorno gastrointestinal, como doenças no esôfago ou refluxo. Doenças no fígado podem provocar mau hálito também, só que o odor é mais característico de acetona.
No entanto, especialistas alertam que este tipo de halitose pode acontecer por alguns outros motivos: diabetes mal compensado resulta em hálito cetônico (e promove odor de fruta passada); insuficiência renal (produz odor de ureia ou urina); insuficiência hepática (tem como característica o odor de terra molhada ou de rato) e câncer (hálito com odor de necrose).
“Fique atento a esses sinais e a mudanças na coloração ou aspecto da sua boca. No caso de anormalidades, procure um profissional capacitado.” finaliza Bruna Conde.
Mais Sobre Bruna Conde:
Dra. Bruna Conde – Cirurgiã-Dentista.
CRO SP 102038
“Sou uma dentista antenada e busco estar ligada em tudo o que faz bem para a nossa saúde.”
Há mais de 10 anos de formada, mais de 7000 sorrisos realizados, Dra. Bruna Conde é especialista e em frequente atualização. Realiza pessoalmente todos os tratamentos listados em seu consultório através de protocolos baseados em evidência clínica e científica através do largo convívio social de pacientes, mestres renomados e profissionais da área da saúde que visam o tratamento multidisciplinar. Conhecida por ter uma postura humana, detalhista, visão do paciente como um todo, acolhedora com humor e risada única.