Nesta semana o Brasil ficou atônito com o discurso de ódio promovido por uma jornalista que não respeita nem mesmo seus juramentos de formando, no qual, em qualquer área acadêmica, se promete ética e profissionalismo.
 Uma grande onda de repúdio e repulsa tomou conta das redes sociais. Não poderia ser diferente, afinal, homens de bem como Hitler, Mussolini, Franco, Pinochet e Médici adorariam um canal propagador de seus ideais como tem sido o SBT ultimamente, talvez até elevassem Rachel Sheherazade ao posto de deidade a qual se deve tributos humanos. Suas opiniões reacionárias desprovidas de qualquer bom-senso, ou melhor, de qualquer senso, já são bem conhecidas por muitos, mas o fatídico desarranjo oral sobre o ???marginalzinho??? extrapolou todos os limites, tanto no aspecto moral (tão estimado por aqueles que compartilham de suas opiniões) quanto no aspecto legal (estimado quando lhes convém). Ora, não bastasse apontar o dedo ao próximo, – e o próximo é escolhido a dedo – quase sempre negro, favelado e, lógico, ???bandido???, contrariando os ensinamentos de alguém cujo exemplo de mais de dois milênios ela e seus admiradores dizem seguir, ainda infringe a lei ao fazer uso de um meio de radiodifusão, pertencente ao Estado, para apoiar a violação a tudo que nele representa boas inovações em relação à época sombria dos anos de chumbo. Um exemplo oportuno é o devido processo legal, segundo o qual é garantido àqueles que se desviarem do contrato social um processo democrático com amplo direito à defesa, e em caso de condenação uma punição dentro das vias legais. Seria cômica, não fosse trágica, sua indignação com o ???Estado inexistente???, pois certamente ela acredita que fenômenos como a marginalidade não derivam da inexistência do Estado no tocante à garantia de direitos sociais e até mesmo fundamentais (que se incluem nos direitos humanos, manifestamente odiados pela jornalista). Tais fenômenos seriam frutos da maldade inerente de ???humanos não direitos???? Pessoas como ela acreditam nisso com tanta convicção que chega a mediocrizar o estudo e pesquisa de sociólogos, antropólogos e filósofos (não do tipo de certos astrólogos!) que defendem o contrário. Mas… E se o ???marginalzinho??? for branco, rico e famoso? Ah, claro… aí ???pega leve né gente?!???. Justin Bieber agradece, e a discriminação também. Aliás, marginal não é aquele que está à margem das convenções pactuadas pela sociedade? Pois bem, como já mencionado, o devido processo legal está consagrado em nossa Constituição Federal. Sendo assim, por que a porta-voz da sociedade usou a palavra ???justiceiros??? em vez de ???marginaisinhos??? para qualificar os fazedores de justiça com as próprias mãos, que cometeram um crime? Seria porque eles são brancos e moram bem? E querem que deixemos o fascismo falar. Tapar-lhe a boca é censura, uma afronta à liberdade de opinião e de expressão segundo os apoiadores do referido discurso. Mas eles nunca ouviram a máxima de que o direito de cada um termina quando começa o do próximo. Eles acham que até a verdade é absoluta! Eu sugeriria que lançassem mão de seus direitos à privacidade, por exemplo, e deixassem os portões de suas casas abertos para quem queira exercer sua liberdade de ir e vir. Por fim, seria prudente a âncora ter sabido que o quê fez se tipifica no Art. 287 do Código Penal como Apologia de Crime ou Criminoso antes de ser flagrada em rede nacional. Portanto, está lançada a campanha: ???Façam um favor ao Brasil, adotem uma Sheherazade!???.
Rodolfo Rodrigues Penin, estudante de direito de Santa Bárbara d’Oeste