O autoextermínio suscita mais perguntas do que respostas. Porém, para entender os motivos que levam ao suicídio é preciso diálogo, prestar apoio e buscar ajuda médica quando necessário. Em tempos de pandemia, o isolamento social pode impedir que quem mais precisa desse apoio psicológico receba a ajuda adequada para enfrentar problemas que levam à morte. A depressão, o alcoolismo, a solidão, entre outras questões, fizeram no Japão, por exemplo, a taxa de suicídio disparar em 2020 na comparação com o ano anterior, sobretudo, entre o público feminino. Oitocentas e setenta e nove mulheres cometeram auto extermínio em outubro de 2020 – um aumento de 70% em relação ao mesmo mês de 2019.
Para a neuropsicóloga e psicanalista Leninha Espírito Santo Wagner, os números revelam que as mulheres estão mais suscetíveis aos efeitos da pandemia e que estão demandando mais atenção neste momento.
“Os diversos problemas mentais que a crise na saúde pode trazer, com as medidas de isolamento social, deixam as mulheres mais vulneráveis emocionalmente, pois, em sua maioria, elas sofrem com o distanciamento de entes queridos ou encontram-se atormentadas na convivência de lares abusivos”, afirma a especialista.
Entre as principais causas que levam ao autoextermínio, a terapeuta destaca a depressão, o alcoolismo e a esquizofrenia.
“Depressão é o diagnóstico mais comum em suicídios consumados. Todos sentem-se tristes, solitários e instáveis de tempos em tempos, mas marcadamente esses sentimentos passam. Contudo, quando os sentimentos são persistentes e interferem na vida normal, usual da pessoa, eles tornam-se transtorno depressivo”, explica.
“Já o alcoolismo é a causa de um terço dos casos de suicídio no mundo. No momento da morte, muitas pessoas se apresentam sob a influência do álcool”, afirma. ” E em relação à esquizofrenia, cerca de 10% dos que sofrem do transtorno acabam comentendo suicídio”, completa.
Como ajudar a pessoa com risco de suicídio?
“Quando as pessoas dizem ‘Eu estou cansado da vida’ ou ‘Não há mais razão para eu viver’, geralmente são rejeitadas, ou são obrigadas a ouvirem sobre as dificuldades de outras pessoas, mas nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa com risco de suicídio”, afirma a neuropsicóloga e psicanalista Leninha Espírito Santo Wagner.
Para a especialista, o contato inicial com o suicida é muito importante para ajudar a entender a causa do problema. “O primeiro passo é achar um lugar adequado para se ter uma conversa tranquila, com privacidade e respeito; e reservar o tempo necessário que a pessoa demandar”, esclarece.
Ainda segundo Leninha, pessoas com idealização suicida usualmente necessitam de mais tempo para deixarem de se achar um fardo e entenderem que estão recebendo atenção.
“A tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente, e preencher uma lacuna criada pela desconfiança, desespero e perda de esperança, e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor”, finaliza.
O número do Centro de Valorização da Vida (CVV), que ajuda pessoas com tendências suicidas, é o 188.