Artigo. SP: Prefeitura ou matadouro?

Política crítica,

Artigo. SP: Prefeitura ou matadouro?

26 de janeiro de 2014

O prefeito Fernando Haddad conheceu sua primeira derrota grave para os tribunais quando o STF revogou o aumento de IPTU aprovado pela Câmara e defendido com unhas e dentes pelo executivo.
Há poucas semanas o Tribunal de Contas vetou as obras dos corredores de ônibus, a prefeitura comunicou que bastam adequações para o projeto ser aprovado.
 Os controles institucionais travam o prefeito. Coisas da democracia. Contudo, o prefeito perde a guerra de informação e seu começo é ruim. Fernando Haddad não convenceu a população de que pretendia aumentar o IPTU para ter caixa para investir nos serviços públicos, priorizando os pobres. Sequer usou esse discurso com a ênfase necessária. O prefeito foi atropelado pelos adversários. Faltou política para o petista. 
 
MATADOURO
 A prefeitura de São Paulo é matadouro de reputações.
 Não teve um grupo que se perpetuou nela nas últimas décadas. O social-democrata Mário Covas não conseguiu passar o bastão para seu colega social-democrata Fernando Henrique Cardoso. A centro-direita venceu a eleição de 1985 com Jânio Quadros e seu discurso conservador.
 Com Luiza Erundina, o PT venceu a batalha pela sucessão de Jânio. O partido era nanico e mais de esquerda que hoje. Mesmo depois da super exposição de Lula em 1989 o PT não conseguiu manter-se na principal cidade do país, Eduardo Suplicy perdeu a eleição de 1992 para Paulo Maluf. A centro-direita voltou ao poder com a promessa de retomar obras inacabadas da era Jânio. 

 Paulo Maluf cumpriu a promessa e reelegeu sem dificuldades seu homem de confiança, o desconhecido Celso Pitta. Sem expressão política, o jovem prefeito não resistiu aos ataques da imprensa e da oposição tucano-petista depois da chuva de denúncias contra a gestão Maluf-Pitta. Para coroar o desastre, Paulo Maluf disse na eleição: “se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim”. O ex-prefeito estava em ascensão mas caiu em desgraça ao perder a eleição para o governo de SP para Mário Covas em 1998. Paulo Maluf não mais se reergueu. Pitta sumiu do mapa. A então ex-petista, Luiza Erundina, derrotada por Pitta, considerada séria, também não conseguiu reunir forças para voltar à prefeitura.

 O PT voltou à prefeitura de São Paulo em 2000 com Marta Suplicy. A prefeita aumentou taxas e ganhou o apelido de  “martaxa”. Fritada por meses, Marta percorreu programas televisivos populares e explicou suas medidas, melhorou a situação mas não a ponto de evitar sua derrota para José Serra na eleição de 2004. Serra fez dobradinha com o então governador de SP Geraldo Alckmin e o PSDB assumiu pela primeira vez a cidade. Marta ganhou um patamar de rejeição que não permitiu sua volta à prefeitura.

 José Serra usou a prefeitura como trampolim para a disputa presidencial de 2006, acabou candidato a governador, seu apadrinhado Gilberto Kassab assumiu a prefeitura. Em 2008, ???serristas??? e ???alckmistas??? dividiram-se: Serra e seus aliados apoiaram o candidato do DEM, Gilberto Kassab, e os aliados de Alckmin apoiaram…Alckmin. O PSDB rachou. Serra venceu. Kassab foi eleito. O prefeito que aumentou IPTU em momentos de intensas enchentes e que durante seu governo doou boa parte de seu tempo para criar um partido angariou uma das mais incomodas rejeições do país. José Serra herdou a rejeição de seu apadrinhado e não conseguiu se eleger prefeito em 2012.

 Quase a centro-direita voltou ao poder com  Celso Russomanno. Faltou a Russo uma mensagem para o eleitorado, digamos, janista; seu atrelamento à igreja universal também atrapalhou. O time de marqueteiros e políticos tradicionais do candidato do PRB mostrou-se incapaz de ler o perfil do eleitorado paulistano, a eleição era dele. A vitória caiu no colo de Fernando Haddad. O prefeito sofre e seu desempenho negativo atrapalha em certa medida o PT na luta pelo Palácio dos Bandeirantes. A prefeitura de São Paulo realmente é um matadouro de reputações políticas.

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Política crítica,

Artigo. SP: Prefeitura ou matadouro?

26 de janeiro de 2014

O prefeito Fernando Haddad conheceu sua primeira derrota grave para os tribunais quando o STF revogou o aumento de IPTU aprovado pela Câmara e defendido com unhas e dentes pelo executivo.
Há poucas semanas o Tribunal de Contas vetou as obras dos corredores de ônibus, a prefeitura comunicou que bastam adequações para o projeto ser aprovado.
 Os controles institucionais travam o prefeito. Coisas da democracia. Contudo, o prefeito perde a guerra de informação e seu começo é ruim. Fernando Haddad não convenceu a população de que pretendia aumentar o IPTU para ter caixa para investir nos serviços públicos, priorizando os pobres. Sequer usou esse discurso com a ênfase necessária. O prefeito foi atropelado pelos adversários. Faltou política para o petista. 
 
MATADOURO
 A prefeitura de São Paulo é matadouro de reputações.
 Não teve um grupo que se perpetuou nela nas últimas décadas. O social-democrata Mário Covas não conseguiu passar o bastão para seu colega social-democrata Fernando Henrique Cardoso. A centro-direita venceu a eleição de 1985 com Jânio Quadros e seu discurso conservador.
 Com Luiza Erundina, o PT venceu a batalha pela sucessão de Jânio. O partido era nanico e mais de esquerda que hoje. Mesmo depois da super exposição de Lula em 1989 o PT não conseguiu manter-se na principal cidade do país, Eduardo Suplicy perdeu a eleição de 1992 para Paulo Maluf. A centro-direita voltou ao poder com a promessa de retomar obras inacabadas da era Jânio. 

 Paulo Maluf cumpriu a promessa e reelegeu sem dificuldades seu homem de confiança, o desconhecido Celso Pitta. Sem expressão política, o jovem prefeito não resistiu aos ataques da imprensa e da oposição tucano-petista depois da chuva de denúncias contra a gestão Maluf-Pitta. Para coroar o desastre, Paulo Maluf disse na eleição: “se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim”. O ex-prefeito estava em ascensão mas caiu em desgraça ao perder a eleição para o governo de SP para Mário Covas em 1998. Paulo Maluf não mais se reergueu. Pitta sumiu do mapa. A então ex-petista, Luiza Erundina, derrotada por Pitta, considerada séria, também não conseguiu reunir forças para voltar à prefeitura.

 O PT voltou à prefeitura de São Paulo em 2000 com Marta Suplicy. A prefeita aumentou taxas e ganhou o apelido de  “martaxa”. Fritada por meses, Marta percorreu programas televisivos populares e explicou suas medidas, melhorou a situação mas não a ponto de evitar sua derrota para José Serra na eleição de 2004. Serra fez dobradinha com o então governador de SP Geraldo Alckmin e o PSDB assumiu pela primeira vez a cidade. Marta ganhou um patamar de rejeição que não permitiu sua volta à prefeitura.

 José Serra usou a prefeitura como trampolim para a disputa presidencial de 2006, acabou candidato a governador, seu apadrinhado Gilberto Kassab assumiu a prefeitura. Em 2008, ???serristas??? e ???alckmistas??? dividiram-se: Serra e seus aliados apoiaram o candidato do DEM, Gilberto Kassab, e os aliados de Alckmin apoiaram…Alckmin. O PSDB rachou. Serra venceu. Kassab foi eleito. O prefeito que aumentou IPTU em momentos de intensas enchentes e que durante seu governo doou boa parte de seu tempo para criar um partido angariou uma das mais incomodas rejeições do país. José Serra herdou a rejeição de seu apadrinhado e não conseguiu se eleger prefeito em 2012.

 Quase a centro-direita voltou ao poder com  Celso Russomanno. Faltou a Russo uma mensagem para o eleitorado, digamos, janista; seu atrelamento à igreja universal também atrapalhou. O time de marqueteiros e políticos tradicionais do candidato do PRB mostrou-se incapaz de ler o perfil do eleitorado paulistano, a eleição era dele. A vitória caiu no colo de Fernando Haddad. O prefeito sofre e seu desempenho negativo atrapalha em certa medida o PT na luta pelo Palácio dos Bandeirantes. A prefeitura de São Paulo realmente é um matadouro de reputações políticas.

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