Em homenagem ao ex-vereador Celso Zoppi, falecido neste domingo (29), o Novo Momento fez um pedido especial à jornalista Aline Macário, que fazia a cobertura da política americanense no auge da carreira parlamentar de Zoppi. Pedimos a Aline que escrevesse um artigo, algo especial sobre Zoppi, que era uma fonte inesgotável de conhecimento das leis. Leia na íntegra:

Leia + sobre política regional

Zoppi para os políticos, Celso para os amigos. Celso Zoppi foi, sem dúvida, uma figura que marcou minha carreira como jornalista e também a cidade de Americana, pela qual ele era apaixonado. Uma figura aparentemente frágil, mas um combatente incansável em sua luta por justiça e pelo cumprimento das leis.

Das nossas inúmeras tardes de pesquisas, entrevistas e investigações, muitas resultaram em manchetes que estampavam os desmandos de um governo que causou tamanhos prejuízos para Americana e que ecoam até os dias de hoje. Celso Zoppi era o personagem das histórias que eu relatava diariamente, tentando trazer à luz as impropriedades que eram cometidas à sombra de um sorriso bonito e das ferramentas quase intransponíveis garantidas pelo uso indevido da máquina pública.

Ele não se incomodava em ser um dos poucos cavaleiros que ousavam digladiar contra um exército tão numeroso. Celso era vereador, com toda a honra concernente a esse cargo, ao menos no significado original que a Constituição garante a essa palavra. Era vereador raiz. Cumpria fielmente a sua função de fiscalizar o Executivo.

Argumentava com ferocidade e, nos bastidores, entrava em nossas brincadeiras e nos exibia sempre um sorriso afável e singelo. Era bom de briga e costumava comprar algumas, especialmente durante as longas sessões da Câmara de Americana, que muitas vezes, nós, da imprensa, julgávamos que não valiam a pena. Mas ele se desgastava, sendo vencido em várias oportunidades pela maioria ou pelas manobras legislativas, sem no entanto, jamais renunciar à sua opinião.

Conheci o Celso militante de esquerda e cristão, que adotava as práticas genuínas de cada uma dessas vertentes e por isso merecedor da minha admiração por sua preocupação com a coletividade e com sua cidade.

Nestes tempos de tamanha hipocrisia na política, de uma superficialidade dos políticos que desanimam a democracia, Celso Zoppi faz falta. Já nos fazem falta há tempos figuras do seu calibre conduzindo e fiscalizando nossas cidades e, agora, sem ele, o vazio fica cada vez maior. Parte agora e deixa como legado o seu nome como sinônimo de luta por Americana.

Por Aline Macário, jornalista.

LEIA MAIS: Celso Zoppi, ex-vereador de Americana, morre aos 69 anos