“Agora chegou em um ponto em que não tem mais onde enterrar ninguém”, conta Raimundo Ercílio Moreira, presidente da Associação Filantrópica do Cemitério Santa Rita (Aficesari), em Crateús (CE). A situação do cemitério do município cearense é semelhante em diversos pontos do Brasil. Com o agravamento da pandemia e a quebra constante de recordes de mortes em decorrência da Covid-19, o setor funerário teme o futuro.
A associação do cemitério Santa Rita chegou a emitir uma nota informando que o local está “praticamente impossibilitado de receber corpos de quem não possui cova ou túmulo”. Raimundo conta que ligou sinais de alerta logo no começo da pandemia, mas que agora o cenário chegou ao limite.
“Há mais ou menos um ano a gente vem avisando a prefeitura e aos órgãos de que o cemitério estava ficando pequeno, mas nunca ninguém ligou. Mas agora, temos em média dez sepultamentos por dia e noite, até de madrugada está sendo enterrada gente”, lamenta.
O Brasil é o país com mais mortes diárias pelo novo coronavírus no mundo. Na última semana, entre segunda-feira (22) e terça-feira (23), 3.251 vidas foram perdidas na pandemia, o recorde em 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde. Como as previsões de pesquisadores para as próximas semanas não são boas, o cemitério Santa Rita, único no município, deve ampliar o terreno. “É a primeira vez que isso acontece em 20 anos de cemitério”, diz Raimundo.