Os novos casos de coronavírus na Região Metropolitana de Campinas (RMC), apurados entre os dias 14 e 20 de junho, acometeram 2.889 pessoas, um crescimento de 64% em relação à semana epidemiológica anterior. De acordo com nota técnica do Observatório PUC-Campinas, foram 104 mortes registradas neste período, aumento de 48% em apenas sete dias. (VEJA ESTUDO COMPLETO COM BALANÇO PARA TODO O ESTADO)
O ritmo acelerado de avanço da pandemia na região, que tem Campinas como o epicentro neste momento – no período de análise, houve 1.635 novos casos notificados e 63 óbitos –, exige que as prefeituras repensem as políticas de reabertura do comércio, sobretudo pela manutenção na taxa de ocupação de leitos de UTI, que segue em aproximadamente 90%.
Para o Dr. André Giglio Bueno, infectologista do Hospital PUC-Campinas, a intensidade de novos casos nas últimas semanas pode estar relacionada à flexibilização adotada em grande parte dos municípios, evidenciado o momento inadequado para reaberturas. “Não há qualquer indício de estabilização e, além da insuficiência de leitos, poderá haver dificuldades na criação de equipes capacitadas e insumos específicos para uma assistência de qualidade”, acrescenta.
Encerrada a 25ª semana epidemiológica, segundo o calendário das autoridades de saúde, a RMC contabilizava 9.205 casos e 360 mortes, sendo Campinas responsável por 57,7% e 56,6% desses números, respectivamente. Em relação aos óbitos, a cidade divide as piores taxas da região com Indaiatuba e Nova Odessa, considerando a proporcionalidade de casos por 100 mil habitantes.
Com as estatísticas atualizadas, o Departamento Regional de Saúde (DRS-Campinas), composto por 42 municípios, é o terceiro no Estado em número de casos e mortes, atrás apenas da Grande São Paulo e da Baixada Santista. No que diz respeito ao crescimento das ocorrências por semana, o DRS-Campinas é superado somente pela Grande São Paulo. As cidades de Jundiaí, Paulínia e Campinas estão no topo da lista, com mais de 450 casos por 100 mil habitantes.
Diante dos resultados e da necessidade de novo fechamento de estabelecimentos comerciais, o economista Paulo Oliveira, que coordenou a análise do Observatório PUC-Campinas, defende a proposição de soluções estratégicas combinadas com medidas de assistência social para os mais vulneráveis, de modo que se torne possível mitigar os efeitos negativos sobre emprego e renda.
“A falta de articulação entre as prefeituras que compõem os polos econômicos regionais, além de outras questões que tornam o nível de isolamento social abaixo do esperado, vão certamente atrasar o retorno seguro às atividades econômicas. Sem tal articulação, as decisões tomadas no âmbito municipal terão grandes impactos na contenção ou avanço do vírus nas demais cidades, podendo, inclusive, sobrecarregar o sistema de saúde que funciona de forma integrada”, avalia o professor extensionista.
Observatório PUC-Campinas
O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.
A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC. As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.