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Entrevista com a Dra. Felícia Szeles
1- As crianças serão vacinadas contra a Covid? A partir de qual idade a criança ou adolescente será incluído no programa?
No momento não, apenas acima de 18 anos. Para a vacina ser aprovada pela Anvisa, ela passa por diversas fases de aprovação, sendo a terceira e última, testes com os humanos. Precisa ser comprovado que cumprem o objetivo de diminuir o risco de morte de quem tomou a vacina ( eficácia ) e ser segura. As crianças não entraram nessa terceira fase de aprovação, fizeram apenas com pessoas acima dos 18 anos, já que crianças e adolescentes não costumam ter complicações por conta do coronavírus. Há alguns estudos iniciados para esse grupo de pessoas, mas ainda nada comprovado. O que se sabe é que a tecnologia usada nas vacinas de Oxford e na CoronaVac, é a mesma já aplicada a outros tipos de vacinas que as crianças tomam normalmente, por isso, não acreditamos em riscos para esse grupo.
2- Existe o risco de a população jovem (abaixo dos 18) ficar fora do programa dependendo dos resultados da vacinação até o final do ano?
Como estamos com número insuficiente de doses, o Governo precisou escalonar por prioridade e, pelo fato de não ter comprovações para menores de 18 anos, o que podemos dizer é que, no momento, esse grupo não faz parte do plano nacional de vacinação. Mas não temos como ter certeza até o final do ano.
Vale reforçar que com 70% da população vacinada chegamos mais próximo da chamada imunização de rebanho, o que significa que as pessoas vacinadas acabam agindo como uma barreira, protegendo toda a população, mesmo aqueles que ainda não são imunes, o que evita que a doença se espalhe.
3- Caso os pais queiram vacinar as crianças independentemente de estar previsto, qual o procedimento devem adotar?
A comercialização da vacina não foi liberada ainda e nem sabemos quando será. O mundo precisa da vacina e, por isso, as doses estão sendo direcionadas apenas para o setor público. Se e quando acontecer essa liberação, somente o Pediatra pode sugerir a melhor conduta para os pais, levando em consideração cada caso.
É muito importante ressaltar que a imunidade pela vacina só acontece depois de 14 dias após a segunda dose, por tanto, até lá, todos os cuidados impostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devem continuar: uso de máscara, higienização adequada das mãos e distanciamento social. Já começamos o ano com as boas notícias da vacina, então, não vale a pena flexibilizar mais do que o seguro agora. Se tudo caminhar como o esperado, ainda esse ano teremos os 70% necessários da população imunizados pela vacina.
Dra. Felícia Szeles Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC – Campinas), é especialista em Pediatria e Alergia e Imunologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Pediatra nas áreas de Puericultura, Infância e Adolescência, também realiza acompanhamento pediátrico pré-natal em gestante. Como Alergista, atua com foco no atendimento infantil.