Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados da Bloomberg, BCB e FED
Não obstante esta conjuntura desafiadora, alguns fatores podem contrabalancear o enfraquecimento da atividade doméstica, como uma surpresa positiva em relação ao crescimento chinês em 2023, decorrente, sobretudo, do fim da política rigorosa de combate à pandemia (Covid Zero), que pode favorecer o setor externo brasileiro, através do canal dos preços das commodities e do aumento das exportações. Isto posto, a projeção da FIESP para o resultado do PIB em 2023 é de crescimento de 0,5%.
Resultados do trimestre
O PIB brasileiro caiu 0,2% no 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2022, após crescer cinco trimestres consecutivos. O desempenho veio em linha com a expectativa do mercado, que era de queda de 0,2%, configurando o cenário de desaceleração da atividade esperado para a segunda metade do ano. Com este resultado do último trimestre de 2022, o carregamento estatístico [1] para 2023 é de apenas 0,2%.
Pela ótica da oferta, o principal destaque foi a agropecuária, que exibiu aumento de 0,3% sobre o 3º trimestre de 2022. O setor de serviços também apresentou crescimento, de 0,2%, com destaque para a expansão de informação e comunicação (+1,8%). Já a indústria registrou queda de 0,3% no trimestre, com desempenho heterogêneo entre os subsetores. Enquanto a indústria extrativa mineral cresceu 2,5% no quarto trimestre, os segmentos de construção civil e eletricidade e gás, água e esgoto caíram 0,7% e 0,4%, respectivamente. Destaque negativo também para a indústria de transformação, que caiu 1,4% no 4º trimestre de 2022.
Já pelo lado da demanda, destaque para as exportações, que cresceram 3,5% no trimestre, enquanto as importações caíram 1,9% no mesmo período. Além disso, o consumo das famílias e o consumo do governo cresceram ambos 0,3% na passagem trimestral. Por fim, a formação bruta de capital fixo recuou 1,1% no último trimestre de 2022. Todos os dados acima contemplam ajuste sazonal.
Resultados no ano
No ano de 2022, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, após avançar 5,0% em 2021. Esse resultado foi mais forte do que o esperado pelo mercado no início do ano, o qual sinalizava, em janeiro de 2022, um crescimento de apenas 0,3% [2].
Pela ótica da oferta, o setor que mais cresceu no ano foi serviços (+4,2%), seguido pela indústria total (+1,6%), enquanto agropecuária caiu 1,7% no mesmo período, queda influenciada pela redução significativa na produção anual da soja (-11,4%), principal produto da lavoura brasileira. No setor de serviços, destaque no ano para os segmentos de outros serviços (+11,1%) e transporte (+8,4%), que foram favorecidos, em grande medida, pelo fim das restrições sanitárias. Na abertura da indústria, construção civil (+6,9%) e eletricidade e gás, água e esgoto (+10,1%) tiveram desempenhos positivos, favorecidos pelo aumento da ocupação na atividade e pela manutenção de bandeiras tarifárias mais favoráveis ao longo de 2022, enquanto extrativa mineral (-1,7%) e indústria de transformação (-0,3%) foram destaques negativos. Este resultado corresponde à sexta queda do PIB da indústria de transformação nos últimos dez anos.
Pela ótica da demanda, o componente consumo das famílias foi destaque no ano, ao crescer 4,3%, em grande medida devido às medidas de estímulo à demanda adotadas pelo governo federal no primeiro semestre do ano. Consumo do governo e formação bruta de capital fixo, por sua vez, cresceram 1,5% e 0,9%, respectivamente. Em relação ao setor externo, destaque para as exportações, que cresceram 5,5%, puxadas pela elevação dos preços das commodities, enquanto as importações subiram 0,8%. Os dados detalhados podem ser verificados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultados do PIB