Provavelmente, você já viu e desejou ter aqueles robôs que limpam a casa com agilidade impressionante. Talvez tenha pensado que o futuro, de fato, será um tempo em que a automação dominará as atividades hoje feitas pelos humanos e que não há nada melhor do que colocarmos as máquinas para trabalharem no nosso lugar.
 A questão da automação em nível global e em cada país, entretanto, levanta uma discussão um pouco mais profunda: como estamos nos planejando para a chegada desses robôs ao trabalho? A 4ª Revolução Industrial, diferente de tudo que a humanidade já experimentou, requer novas estratégias para se viver em sociedade ??? e Governos de todos os países, especialmente os mais tecnológicos, precisam se atentar a isso rapidamente. Todos os olhos estão voltados para como esse novo paradigma está sendo sentido na China. Principal mercado do setor de robôs no mundo, o país se programa para fortalecer ainda mais sua economia ao investir na produtividade robótica nas indústrias e nos serviços. Acrescente automação chinesa tem muito que nos ensinar e mostra que esse avanço é inevitável. Com ela, empresários diminuem seus custos de produção e chances de erro ??? dois fatores muito vantajosos quando se fala de competitividade global. Neste sentido, a China dá um passo a mais ao criar o projeto ???Made in China 2025???, uma meta do Governo para transformar a nação em uma potência industrial menos focada em mão de obra humana e mais em tecnologia, produzindo, inclusive seus próprios robôs. Quando isso se tornar realidade, eles estarão trabalhando nas chamadas ???fábricas escuras??? (sem a presença de funcionários humanos, a ponto de a empresa não precisar ter ambientes com luz elétrica), servindo em hotéis, cuidando de pessoas em suas casas, limpando e fazendo atividades domésticas. Atividades que já são testadas em feiras do setor e em pequena escala se tornarão comuns no dia a dia da população chinesa. Segundo publicação da Universidade de Oxford, no Reino Unido, 35% dos trabalhadores podem ser substituídos por máquinas até 2020. Por essa razão, os estudiosos preveem a transferência dos trabalhadores humanos para cargos de manutenção dos robôs e em atividades que envolvam criatividade e inteligência social. Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia, países que se preparam para o futuro 4.0, tambémse empenham para descobrir o que fazer para evitar o desemprego da população. O incentivo à realização de cursos na área da tecnologia já é um caminho. Mesmo porqueespecialistas apontam que, se conduzida de forma positiva, a automação elimina postos de trabalho em um primeiro momento, mas gera uma nova demanda em longo prazo. No Brasil, de acordo com estudo da McKinsey, 50% das ocupações poderiam ser automatizadas ??? sendo a indústria o segmento mais passível desse processo (69% dos empregos), seguido de hotelaria e comida (63%). Infelizmente, sabemos que isso pode ser uma pedra no nosso sapato, por conta de poucos incentivos que temos à capacitação profissional da população. Os dados se confrontam com uma problemática: como lidar com o possível aumento de desempregados, se os funcionários forem trocados por robôs? ?? preciso lembrar do impacto social que essa realidade traz, discutido, inclusive, por países mais avançados no tema. A palavra-chave, certamente, é equilíbrio: os países precisam oferecer subsídios para iniciativas tecnológicas decolarem sem se esquecerem de que é o homem que move a sociedade e é capaz de produzir conhecimento. Assim, soluções como a taxação dos robôs para produzir uma espécie de distribuição de renda aos trabalhadores devem ser avaliadas tanto por países desenvolvidos quanto por aqueles em desenvolvimento, como o Brasil. *Por Fabrício Vendichetis Martins, CEO da Indigosoft – startup que oferece soluções de automação digital, focadas em simplificar o trabalho diário de empresas de todos os segmentos, além de consultoria especializada.