Uma pesquisa realizada pela Rede Nossa SP e o Ibope indicou que 58% dos entrevistados não tem interesse em participar da vida política na cidade de São Paulo e desse número, 67% tem entre 16 e 24 anos. A pesquisa foi realizada com 800 pessoas durante o mês de janeiro.

O especialista Paulo Loiola, mestre em gestão de políticas públicas e estrategista político, comenta sobre a participação efetiva dos jovens no engajamento político da sociedade. “Acredito que não dá para dizer que não há interesse dos jovens em geral, temos o movimento estudantil, tivemos forte movimentação das estudantes secundaristas poucos anos atrás, em universidades é comum a participação política do jovem, principalmente nas públicas. Mas, acontece também, que essas pessoas são um dos públicos mais impactados hoje pela falta de perspectiva, falta de renda e de emprego, muitos estão ou desmotivados por essa falta de perspectiva ou ocupados demais com sua sobrevivência dividindo-se entre trabalho e estudo, sobrando pouco tempo útil a ser dedicado a esse tema”.

Com a facilidade da internet, podemos observar que houve um envolvimento em petições, abaixo-assinados, manifestos e intervenções nas redes sociais, de certa maneira existe uma parcela de jovens que buscam por informações, mesmo que de forma não institucionalizada e nem pública. Loiola acredita que o desenvolvimento de programas de primeiro emprego, estágio remunerado, voluntariado e outras ações voltadas para ocupação de jovens por parte de partidos e movimentos políticos é uma boa opção para engajar esse público para o assunto.

“Entendo que para impulsionar esse interesse precisamos lançar mais lideranças jovens dentro de partidos e movimentos, gerando uma aproximação mais orgânica com esse grupo, além disso, atualizar as estratégias de comunicação é essencial para que a mensagem chegue aos jovens. Um bom exemplo disso é o trabalho feito por Boulos em 2020, pelo movimento “Acredito” ou mesmo do MBL ao longo dos últimos anos. Nesse mesmo sentido, Novo e PSOL me parecem estar na frente dos demais partidos em termos de uma comunicação mais direta com o jovem, enquanto os partidos mais tradicionais têm estruturas de juventude bem montadas internamente, mas desempenham pior no quesito comunicação”, pontua Loiola.

Para o especialista, um dos grandes obstáculos para a aproximação dos jovens na política está ligado à falta de representatividade. “Certamente o jovem não se sente representado, é natural um certo incômodo já relacionado à idade, mas para além disso, há pouquíssimas ações transformadoras por parte de governos ou partidos para envolvimento dos jovens em seus quadros, não há também lideranças jovens em destaque que possam motivar e mostrar um caminho para quem está fora da política, salvo raras exceções”, finaliza.

Sobre a Baselab

A Baselab é uma aceleradora especializada em campanhas e mandatos eleitorais progressistas, com atuação em estratégia e produção de conteúdo. Disponibilizam gratuitamente em seu website um livro gratuito que foi escrito em parceria com a RAPS sobre campanhas eleitorais inovadoras e um newsletter diário via WhatsApp. Em seu canal no YouTube, publicam vídeos de aulas e cursos gratuitos. Para mais informações, acesse: https://www.baselab.cc/