Comemorado no dia 18 de maio, o Dia da Luta Antimanicomial no Brasil foi tema de palestra na manhã de hoje (18) no plenarinho da Câmara Municipal de Americana. O evento teve a participação de aproximadamente 50 pessoas, entre usuários da rede de saúde mental, familiares, amigos e servidores municipais. O médico psiquiatra, Aloisio Braz de Lemos, foi quem explanou o assunto aos presentes.
A luta antimanicomial é um marco na saúde, pois foi através dela que o Brasil transformou radicalmente a forma de assistência aos portadores de transtornos mentais e sofrimentos psíquicos, os quais eram mantidos nos manicômios em completo isolamento. E não são poucas as histórias de pessoas que perderam algum ente querido, vítima de maus-tratos nessas instituições. Os manicômios se constituíram num antro de confinamento, isolamento, tortura e morte para milhares de doentes mentais, que não tiveram alternativa ao modelo de internação de longa permanência durante o século passado. Hoje essa prática não acontece mais por aqui, e o termo hospício agora serve apenas como referência para explicar, sem justificar, como um direito humano fundamental pôde ser por tanto tempo encarcerado sob a égide da razão, num processo obscuro de medo, exclusão e segregação de pessoas que, ao invés da cura recebiam uma condenação, na maioria das vezes, perpétua.
Por meio de um movimento para a reforma do sistema psiquiátrico brasileiro, no final da década de 1970, foi possível mudar a visão que se tinha dos portadores de doenças mentais perante a sociedade e assim, gradativamente os manicômios foram fechados, dando espaço para uma nova abordagem no tratamento, com a instituição dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e no fortalecimento de uma política pública de saúde mental em todo o país.
Para o coordenador da rede de saúde mental de Americana, Tadeu Donizeti Leite, a data marca a mudança na forma de olhar e tratar os transtornos mentais, sendo que a palestra serviu para esclarecer o processo histórico da reforma psiquiátrica no país. “Esse evento serviu para uma reflexão e compreensão do processo histórico e do momento atual da reforma psiquiátrica, que acaba contribuindo para melhorar as nossas práticas no atendimento aos pacientes”, disse. Em Americana a rede de saúde mental está estruturada em três CAPS, cujo tratamento ambulatorial é ofertado por equipe multidisciplinar em cada uma das unidades. O CAPS-AD (Álcool e Droga) presta assistência para cerca de 100 usuários a cada mês, com um volume de 350 procedimentos realizados. O CAPS Infantil atende aproximadamente 90 pacientes ao mês e realiza em torno de 350 procedimentos, já o CAPS adulto promove ao menos 500 procedimentos e atende aproximadamente 160 pacientes por mês. Os CAPSs recebem os pacientes por demanda espontânea, mas também são referenciados pelas outras unidades básicas de saúde do município.