TodoDia – O ajudante José Adilson de Jesus, 32, morreu após ser linchado sob acusação de ter colocado fogo numa fábrica de costura da Vila Azenha, em Nova Odessa, na noite de sábado. Testemunhas relataram à polícia que pelo menos 60 pessoas participaram da agressão. Quatro dos envolvidos foram presos. O crime pode ter cunho passional.

Os quatro acusados, dois deles parentes do dono do imóvel incendiado, negaram envolvimento no linchamento do ajudante e disseram estar no local para prestar socorro à vítima. O quarteto foi autuado por homicídio qualificado por motivo fútil. A Polícia Civil considerou o caso de Nova Odessa “fora da normalidade” e adiantou que outros possíveis autores serão investigados.
Jesus foi acusado de pôr fogo numa fábrica de costura da Rua Abraão Delega, na Vila Azenha. Um vizinho, motorista J.M.L., 53, relatou tê-lo visto invadir o imóvel por volta das 21h50, quando o fogo teve início. “Eu cheguei da igreja e o vi pulando o muro e o fogo começando. Chamei a polícia”, relatou.
Segundo o motorista, aproximadamente 100 moradores do bairro se mobilizaram no combate ao incêndio. “Conseguimos apagar o fogo, que estava muito alto, quase atingindo a rede elétrica”, contou o morador, que reside na terceira casa ao lado da fábrica de costura. “Graças a Deus o fogo foi controlado, se não, até no meu sobrado ia pegar fogo.”
L. disse que, após incendiar a fábrica, Jesus foi perseguido por aproximadamente 60 pessoas. “A multidão correu atrás dele, mais de 60 pessoas. Só que, quando a policia chegou, só tinham ficado quatro.”
Jesus foi agredido às margens da linha férrea que cruza Nova Odessa, na Rua Heitor Penteado, aos fundos de um hotel, a 440 metros da fábrica. Segundo informações do BO (boletim de ocorrência), ele foi encontrado agonizando pelos policiais militares que atenderam à ocorrência. Jesus recebeu atendimento médico no Hospital Municipal Dr. Acílio Carreon Garcia, onde morreu.
REPRESÁLIAAinda segundo o BO da polícia, o incêndio deixou danos significativos na fábrica de costura. O dono do imóvel, o carpinteiro J.B.D.S., 62, relatou à polícia que Jesus teve relacionamento com a filha dele, que não quer reatar, e o incêndio foi “represália”, segundo o BO.
Nenhum contato de S. foi divulgado no BO e ele não foi encontrado para comentar o caso. O delegado Robson Gonçalves de Oliveira reforçou a possibilidade de crime passional. “Ele (S.) supõe que, como a filha não quis voltar (com Jesus), decisão que a família apoia, isso pode ter sido o fator motivador para o incêndio.”
José Adilson de Jesus era morador na Rua João Brasiliense, Jardim do Edén, em Nova Odessa. Nenhum contato de familiares dele foi divulgado no BO. Segundo testemunhas, ele tinha um filho com a filha de S.