Sabemos de cátedra, que qualquer Governo deve pugnar pela Liberdade do ser humano, sendo esta exercida dentro dos princípios da ??tica e da Moral reinantes, sem nenhum tipo de discriminação, preconceito ou ojeriza pelo seu semelhante. ?? inegável, porém, que o próprio conceito de liberdade, após o instante em que encontra-se envolto em padrões e definições, acaba tornando-se relativo e limitado, para não dizer: engessado. Repete-se aquela corriqueira história: o que é liberdade para uns, não o é para outros; o que é verdade para este, não o é para outrem; e, assim, por diante.
Destarte, tais aparatos teóricos e práticos, onde o zelo pelo ser humano, deveria ser o principal quesito ético e moral, a ceifar as vaidades e as obtenções de vantagens pelos detentores do poder, vimos no dia a dia, retratados nas medidas tomadas, por estes pretensos dirigentes, um total cerceamento das liberdades individuais de cada pessoa dependente deles.
“Força Flamengo”. Preponderou este dito na mídia e nas redes sociais, durante alguns dias. Enternecidas pela tragédia fumegante e criminosa, ficamos tristes, desolados e movidos por um sentimento fraterno e carinhoso, onde afloram todos os bons sentimentos e aquela capacidade altruística de ajuda, de benevolência e de caridade para com os nossos semelhantes.
“Força Flamengo”. Por que não dizer: “Força Brumadinho”; “Força isso, força aquilo e, por aí afora…”. Fato é que a Força foi muito mal empregada: de forma irresponsável garotos na flor da juventude, no limiar dos sonhos, com toda uma vida pela frente, deixaram-nos para sempre.
Mais uma vez, o descaso e o “jeitinho brasileiro” prevaleceram: “Vamos edificar um prédio neste local; não serão necessários Projetos Arquitetônicos, Estruturais ou Elétrico Hidráulicos; o pedreiro e o encanador eletricista farão dos serviços bons e baratos; ademais, a aprovação das Instalações de Incêndio é muito demorada e as exigências são muitas; terão que ser recolhidas ARTs e RRts, envolvendo a contratação de Engenheiros e Arquitetos.
Muita complicação e lentidão. Temos espaço e a construção tipo galpão será rápida e abrigaremos os nossos craques do futuro, nestas confortáveis instalações, com bons banheiros, ares condicionados, chuteiras, uniformes e, principalmente, bolas de futebol. O que mais pode querer um jovem, craque dos gramados. E viva a paixão nacional. O retorno financeiro é tão certo como 2 mais 2 são 4. Mas, esquecem-se estes espertalhões, que 2 vezes 2, também resulta 4.
E mais uma vez, debruçamo-nos nesses textos, cobrando responsabilidades, exigindo fiscalizações e apuração de fatos. Esmaeceu-se aparentemente a névoa catastrófica de Brumadinho ou das enchentes causados pelas torrenciais tempestades. Um infortúnio substituiu outro. O ditado: “Desgraça pouca é bobagem”, revela toda a sua atualidade e contemporaneidade. O Ninho do Urubu, local que deveria ser de desenvolvimento atlético e social, transformou-se num cemitério de cinzas, com o fogo da incapacidade queimando tudo ao seu alcance. Um ninho: de Urubus.
Que as Entidades, CREAs, CAUs, Ministério Público apareçam e assumam a sua função. Infelizmente a conscientização só virá precedida de exemplar punição. Todos esses nefastos acontecimentos devem ser repudiados e elevados a categoria de crimes contra a Ordem Pública e contra a Humanidade. Não é possível um país obter bons parâmetros vivenciais, se não houver o respeito ao ser humano.
Que Deus traga conforto a essas famílias que tiveram tolhidas os seus entes queridos. Que se valorizem mais as profissões de Engenheiros, Arquitetos, Técnicos e correlatos. Com certeza vidas serão salvas e preservadas para um futuro mais humano.
Aléssio Biondo JuniorEngenheiro civil e vice-presidente da AEAS (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sumaré)