Para marcar o Dia Mundial do Veganismo, comemorado em 1º de novembro, a organização internacional Million Dollar Vegan distribuiu mais de 12,7 mil refeições à base de vegetais em cidades do Brasil, México e Argentina. No Brasil, foram doadas o equivalente a 5,3 mil refeições em alimentos 100% vegetais, numa ação que aconteceu com o apoio da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
A ação “América Latina pelos Animais” foi apadrinhada pela apresentadora Xuxa Meneghel, que declarou seu apoio ao projeto em um vídeo que foi publicado no dia 1º novembro pela MDV. Manaus, Fortaleza, Goiânia, Juiz de Fora, Curitiba, Caxias do Sul, Porto Alegre, Sorocaba, Itapira, Mauá, São Bernardo do Campo, Americana e Campinas foram as 13 cidades participantes no país. A doação irá ocorrer simultaneamente no dia 1º, estimulando o movimento vegano fora do eixo Rio-São Paulo.
No Brasil, a “América Latina pelos Animais” é a terceira ação da campanha “Tire as Pandemias do Cardápio”, que visa alertar a população sobre a relação entre a produção de produtos de origem animal e os riscos de surgimento de outras pandemias como a do novo coronavírus.
Os esforços da organização são para mostrar como o sofrimento ao qual os animais são submetidos na indústria debilita o sistema imunológico, tornando-os alvo fácil para doenças. Este contexto oferece as condições ideais para que vírus já existentes possam mutar, pulando de um animal para o outro, até atingir uma forma contagiosa e letal para os seres humanos. A intenção é propagar a mensagem de que, quando nós fazemos os animais sofrerem, nós também sofremos com as doenças que surgem deles.
Por isso, junto da doação de alimentos, foram distribuídos materiais educativos sobre o estilo de vida vegano e como podemos reduzir os riscos de surgimento de novas pandemias com uma alimentação à base de vegetais.
Tire as Pandemias do Cardápio
A Million Dollar Vegan já distribuiu quase 300 mil refeições veganas no mundo todo desde o início da campanha em abril. No Brasil, a primeira doação ocorreu no mês de maio e distribuiu mais de 5,5 mil refeições em São Paulo, com o apoio do Instituto Luisa Mell.
A segunda ação da organização ocorreu em setembro, no Dia da Amazônia, quando foram distribuídas o equivalente a 2,3 mil refeições para comunidades carentes de Manaus, com o apoio da SVB, que continuará apoiando o trabalho agora em novembro.
O sofrimento dos animais na indústria e o surgimento de doenças
Apoiadora da campanha, a especialista em saúde pública Dra. Aysha Akhtar, neurocientista e membro do Centro de Ética Animal da Universidade de Oxford, afirma que as agências de saúde e os governos estão falhando conosco ao não abordarem as causas dessas doenças infecciosas. Embora o surgimento do novo coronavírus seja atribuído ao comércio de animais selvagens em um mercado de Wuhan, na China, a cientista afirma que seria “muito fácil e simplista culpar a situação da atual pandemia apenas nesses tipos de mercado”.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), cerca de 75% das doenças infecciosas emergentes são de origem animal. E a cientista explica que o surgimento de doenças em animais não acontece por acaso. Ela revela como o sofrimento dos animais na indústria agrava a situação: “Os animais ficam aglomerados nessas fazendas. São tratados de forma tão cruel que seu sistema imunológico fica inoperante. Assim, é fácil que contraiam doenças infecciosas de outro animal para depois espalhá-las como fogo. Cada vez que o vírus salta de uma espécie para outra, há maior chance de sofrer mutações para uma forma mortal que seja altamente contagiosa entre humanos”.
CEO e fundador da Farm Forward, o professor associado da Universidade de San Diego, Aaron Gross, reforça a visão da Dra. Akhtar ao explicar como o sistema imunológico fragilizado dos animais na indústria aumenta os riscos de proliferação de doenças. “Nós destruímos seus sistemas imunológicos para que cresçam mais rápido, então elas [as aves da indústria] têm alta probabilidade de ficarem doentes”, explica o professor.
Para a Dra. Akhtar, se realmente queremos nos proteger e proteger as futuras gerações, também devemos buscar proteger outros animais em vez de tratá-los como mercadorias. “Temos de usar esta situação para aprender, melhorar e nos tornamos mais preparados para o próximo possível surto, a próxima pandemia. Ao seguir uma dieta baseada em vegetais, sendo veganos, é mais provável que nos protejamos de doenças cardíacas, AVCs e outras doenças crônicas, como diabetes e muitas formas de câncer. E é mais provável que nos protejamos de novas doenças infecciosas porque minimizamos as situações que podem criar essas novas doenças”, explica a cientista.