Santa Bárbara d’Oeste é o primeiro município a receber a exposição itinerante Porta, Porteira e Portão: Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’. A mostra abre na terça-feira, 14, e pode ser vista até 24 de março, no Centro de Documentação Histórica (Cedoc), da Fundação Romi. Outras cinco cidades paulistas serão contempladas com a iniciativa, viabilizada pelo edital de difusão de acervos museológicos do Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo, e o apoio do Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP). A entrada é gratuita.
Versos musicais, simpatias, superstições, contos e causos estão entre os elementos que compõem a cultura caipira no país. Todos presentes na exposição em painéis ou objetos. “Celebramos o caipira como sinônimo de um modo de vida”, diz o museólogo Rodrigo Santos, que fez a concepção museológica e também assina a curadoria da mostra, ao lado da historiadora Renata Gava. “A intenção é despertar a memória afetiva do visitante e que cada um reencontre o caipira dentro de si”, completa Renata, responsável ainda pela pesquisa de conteúdo.
Painéis de madeiras dispostos em prateleiras abrigam objetos como bule, lampião de gás, máquina de costura, sanfona, tacho de cobre, caneca e leiteira de alumínio, pilão, entre outros itens. Uma instalação traz os clássicos monóculos fotográficos, em que as pessoas podem conferir imagens antigas sobre o estilo de vida no campo. “São símbolos referenciais do interior paulista com uma leitura contemporânea e que fizeram parte das rotinas de nossos pais e avós, ou até mesmo de nossas infâncias”, explica Renata Gava.
O museólogo Rodrigo Santos diz que a exposição também tem o objetivo de quebrar o estigma de que o caipira é um ser antiquado, de pouca instrução ou de costumes ultrapassados. “O caipira se transformou com o passar dos anos e ainda hoje faz parte da cultura nacional. Num país tão grande e plural como o Brasil, somos todos caipiras. O caipirês está em todas as regiões, cada uma com sua peculiaridade.”
Renata e Rodrigo incluíram expressões da tradição oral caipira, entre as quais de banda (de lado), enfezado (nervoso), estorvá (atrapalhar), fuá (encrenca), lonjura (distância), nóis fumo (nós fomos) e zóio (olhos). Uma tela em branco instiga: “quais expressões, simpatias e ditos populares você conhece?”. Nela, o visitante pode escrever o que vem à mente e, assim, contribuir para a ampliação desse dicionário caipira.
Ainda para ampliar a interatividade, os curadores incentivam o público a produzir fotos para as redes sociais, utilizando a palavra-chave (ou hashtag) #SouCaipira. Além disso, a página Porta, Porteira e Portão, criada no Facebook, traz atualizações frequentes, textos, reportagens e dados adicionais sobre a cultura caipira. Os visitantes podem levar filipetas para a casa e as crianças que fizerem visitas em grupo, agendadas por escolas, recebem uma cartilha com caça-palavras, código secreto, jogo dos sete erros e desenhos para colorir.
No espaço expositivo também estão músicas caipiras e sonorização ambiente para a extroversão artística de cada visitante. Há, ainda, curiosidades sobre remédios e benzedeiras, culinária e informações sobre o folclore, incluindo dados adicionais sobre as histórias envolvendo saci-pererê, curupira, lobisomem, medicina popular, ritual da benzeção e mula sem cabeça.