Se em 2005 o Brasil tinha pouco mais de 1,1 milhão de pessoas matriculadas em cursos de educação a distância, esse número aumentou para mais de 5 milhões de indivíduos estudando por meio desse modelo em 2015, segundo dados da Associação Brasileira de Educação a Distância. Isso significa um aumento de incríveis 354% em volume de alunos.
“Ainda há muito o que expandir e experimentar em termos de ofertas de programas, tipos de cursos, metodologias, bem como inovação tecnológica e administrativa”, diz o presidente da entidade, Fredric Litto.
No entanto, apesar de seu crescimento e até mesmo de seu lastro histórico (há registros de cursos a distância nos Estados Unidos por volta de 1850, que foram institucionalizados no final do século 19), o modelo ainda sofre com alguns preconceitos no Brasil. Em 2005, o líder do Instituto Monitor, Roberto Palhares, já observava essa questão.
Para ele, no entanto, não há um modelo mais efetivo do que outro quando o objetivo é ensinar. “Quando os procedimentos educacionais são dotados dos necessários cuidados, seus resultados são sempre semelhantes, e as suas variações serão mais em decorrência das características dos alunos do que propriamente do processo”, diz.
Segundo especialistas do setor, o principal entrave no curso a distância diz respeito à liberdade do aluno não apenas em estabelecer uma disciplina de estudos, mas em relação à qualidade do material que lhe é enviado e ao funcionamento das aulas. Questões que, para muitas instituições que trabalham na área, poderiam ser melhor trabalhadas.
Como funciona?
Um curso EAD, em geral, necessita de um processo seletivo. Não se trata, necessariamente, de um vestibular como os das universidades públicas ou mesmo das privadas, mas uma avaliação dos professores da instituição sobre as disposições dos candidatos para a graduação escolhida e se ele atende aos requisitos educacionais anteriores.
A principal diferença entre o curso comum e o EAD é o ambiente de estudos: enquanto os alunos da universidade tradicional precisam conciliar suas atividades rotineiras, como trabalho, compromissos familiares, culturais, de lazer etc., os que estudam a distância participam do chamado Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
O AVA é um lugar-comum de circulação de alunos e professores em que são acessadas as ementas das disciplinas, os textos selecionados para as aulas, o desenvolvimento acadêmico dos alunos, as avaliações dos professores e, inclusive, os canais de comunicação com eles, para casos de dúvidas. Em resumo, é o espaço acadêmico por excelência.
“O AVA é como se fosse toda a interação entre alunos, professores, conteúdos, aulas, andamento dos processos, tudo reunido em um único espaço online, acessível até por meio do celular”, conta o estudante de Direito Marcio Jobim, matriculado em um curso de uma faculdade de São Paulo, mas que vive em Americana, no interior do estado.
“?? como se você fatiasse toda a necessidade de ir para a faculdade em horários específicos para seu próprio tempo: estudar no ônibus, em casa, no trabalho, no parque”, completa.
No AVA também fica disponível o material didático que, na maioria dos casos, é um livro único que o professor utiliza para conduzir o curso. Ali ficam registrados comentadores de obras, exercícios, reflexões e até textos originais dos autores estudados. Em alguns casos, as universidades enviam aos alunos apostilas físicas para acompanhamento das aulas.
O material também inclui os vídeos das aulas, o imprescindível da graduação a distância, além de avaliações, textos complementares e outras indicações de livros. No AVA, enfim, há o contato particular com os professores.
A duração do curso costuma ser a mesma de uma universidade presencial, variando de quatro a seis anos. O diploma, quando a faculdade é reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), tem a mesma validade do de cursos presenciais.