Na segunda-feira, dia 14 de agosto, recebi a grande notícia da minha absolvição pelo Supremo Tribunal Federal. Há duas décadas eu aguardava por essa sentença. 
Na certa você deve estar se perguntando qual erro eu cometi para ser réu de um processo judicial.Na verdade, caro leitor, não cometi erro algum. Eu, simplesmente, fui processado por ter denunciado corrupção na construção das casas do CDHU do bairro Parque da Liberdade, quando vereador, entre 1997 e 2000.Na época, mais de 700 famílias viviam em casas com rachaduras, telhados com goteiras, rede elétrica em curto circuito, esgoto jorrando dentro do imóvel, tubulações inadequadas e rede de água com vazamento. O detalhe é que essas construções foram superfaturadas em até 700%, o que levou às alturas o valor da prestação. O sonho dessas famílias, de ter uma casa própria, havia se transformado em um pesadelo.Solidário ao sofrimento dessa gente, eu propus e presidi uma comissão de inquérito para apurar possíveis irregularidades na construção das casas. Com o início dos trabalhos, muitos políticos com o rabo preso com a corrupção na obra foram se revelando contrários à apuração. Lutamos contra tudo e contra todos e fizemos um relatório que apontava todas as maracutaias da obra.Embora tivesse informações contundentes e embasamento técnico, nosso relatório foi rejeitado pelo plenário da Câmara Municipal de Americana, numa manobra absurda e vergonhosa.Não desistimos. Enviamos, então, o relatório ao Ministério Público que abriu inquérito e, com a ajuda de peritos, confirmou todas as nossas denúncias.Um Termo de Ajustamento de Conduta foi firmado com o Ministério Público, que obrigou a CDHU, responsável pela construção do conjunto habitacional, a realizar o reparo de todas as casas com problemas, reduzir o valor das prestações dos imóveis, em função do superfaturamento, e executar o asfaltamento gratuito de todo o bairro, como contrapartida aos prejuízos sofridos pelos mutuários. Foi uma vitória!Essa minha atitude, entretanto, me rendeu um processo, pelo qual venho lutando para não ser condenado. Foram 20 anos sofrendo a violência do judiciário parcial e partidário por ter defendido o povo, os menos favorecidos. Esse é o preço que paga o político que ousa enfrentar os poderosos.
Pedro Salvador, ex-vereador de Americana