A crise existencial mundial é o eixo do filme grego “Bourek”. A narrativa se passa na ilha de Cronos, que, de acordo com uma seita religiosa, seria o único local a se salvar do final do mundo. Um milionário dos EUA, com o casamento em crise, vai para lá com sua esposa. E encontra pessoas das mais variadas nacionalidades e histórias pessoais.

Temos a dona local de um pequeno hotel e restaurante, a bela e delicada atriz Katerina Misichroni, em torno da qual se reúnem personagens como um cipriota que deseja ir para a Suécia, dois sérvios em busca de sexo e prazer, além de um VJ que perde a memória após ser atingido acidentalmente por uma pedra na cabeça
O que impressiona do filme, dirigido por Vladan Nikolic, é a delicadeza como os temas são tratados. Mesmo a disputa, bem longe da ética, entre a dona do restaurante e seu irmão, em desacordo sobre o que fazer com o estabelecimento comercial, vendendo ou não para um comprador italiano, é tratada com sobriedade.
Os belos cenários da Grécia, uma espécie de paraíso terreno, colaboram para que tudo caminhe para a harmonia, embora inicialmente isso não pareça possível. A comida mediterrânea que intitula o filme é uma forma de união e de recomeço, uma maneira de congraçamento justamente no momento em que tudo parecia perdido.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.