Em Santa Bárbara d’Oeste, um ex-policial militar foi condenado a 30 anos de prisão pela morte de Lorena Pessoa, uma balconista de 29 anos com quem ele teve um caso e um filho. Em Saltinho, um gerente recebeu a pena de 31 anos pelo homicídio da designer Denise Stella, grávida de uma menina que ele queria abortada. Os dois casos aconteceram em 2017. Os dois têm mais um fator em comum: feminicídio.
A violência contra a mulher não é mais um problema de ordem privada, individual ou familiar. Trata-se de um fenômeno estrutural. O Brasil é o 5º país em mortes violentas de mulheres no mundo, segundo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O conceito de feminicídio ainda é pouco difundido. De forma simplificada, é o crime de ódio no qual a mulher é morta pela condição de ser mulher. Em outras palavras, o crime acontece porque alguém não concorda com a decisão daquela mulher, a ponto de decidir por fim à sua vida.
Os números relacionados a isso são impressionantes. O machismo ainda forte no país ainda é a principal causa dos crimes, segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social. O relatório “Tolerância social à violência contra as mulheres” mostrou que, apesar de 91% dos entrevistados concordarem com a prisão ou punição de homens agressores de suas companheiras, 89% também tendem a concordar que “roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% deles, que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.
Pois se mete sim. Todos temos a responsabilidade de combater este sentimento coletivo de que a mulher não pode decidir sozinha o que deseja para a própria vida.
Interceda. Intervenha. Avise o agressor de que aquela atitude é ilegal. Em caso de emergência, ligue 190. Para violências reiteradas, em que a mulher não quer denunciar, o número é 180. O serviço é gratuito e confidencial. O que não podemos mais admitir é o silêncio. Nem das vítimas, nem o nosso.
Chico Sardelli é empresário, presidente do PV em Americana e vice-presidente estadual do partido