A mais nova ‘febre’ entre brasileiros depois da COVID-19 são os esportes na areia. O tênis de praia, também conhecido como beach tennis é o preferido a partir dos 40 anos e o mais praticado nas quadras de areia que se espalharam durante a pandemia pelo País. Se depender da CBBT (Confederação Brasileira de Beach Tennis) que de 2017 para cá já organizou 21 torneios nacionais, o Brasil vai ocupar o topo do ranking mundial de beach tennis.
Não por acaso, segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier os prontuários do hospital apontam vários acidentes oculares entre praticantes do esporte. Para ele os problemas de visão não corrigidos explicam o aumento. A partir dos 40 anos, ressalta, surge a presbiopia que dificulta enxergar próximo e quem tem casos de glaucoma na família pode desenvolver a doença. O pior, é que de acordo com o médico o estrago causado nos olhos pelas pequenas bolas de beath tennis supera os danos provocados pelas grandes, embora até as maiores possam levar à fratura de órbita como aconteceu no futebol com Viola.
Caso e lesões frequentes
Queiroz Neto conta que recentemente atendeu um paciente que jogando beach tennis sofreu um hifema, sangramento da câmara anterior do olho, espaço entre a córnea (lente externa) e a íris (parte colorida). “Chegou à consulta com a visão embaçada e uma mancha de sangue no olho”, afirma.
Para quem gosta do esporte, o especialista ensina aplicar compressa fria sem pressionar o olho logo após uma contusão. Outra dica para reduzir o inchaço do olho é manter a cabeça elevada com travesseiros ao deitar.
“No hifema também pode ocorrer a recidiva do sangramento que aumenta o risco de glaucoma e impregnação da córnea pelo sangue,” comenta. Para evitar estas complicações o tratamento é feito com colírios e antibiótico sempre sob supervisão médica. Toda contusão, ressalta, requer acompanhamento oftalmológico periódico. “Isso porque, também pode acarretar no polo posterior da retina o edema de Berlim e depois de um tempo a catarata traumática, condições que levam à cegueira se não forem tratadas a tempo”, afirma.
O oftalmologista ressalta que a velocidade da bolinha de beach tennis varia de 60 a 200 Km/hora. Por isso, quando bate no olho pode causar além do hifema, fratura na orbita, ruptura do globo ocular, hemorragia subconjuntival, inflamação da íris, hemorragia vítrea, ruptura ou descolamento da retina. Todas estas lesões podem resultar em perda permanente da visão. Por isso, independente do desconforto, quando a bola atinge o olho recomenda consultar um oftalmologista em, no máximo, até 24 horas.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que 90% das lesões nos olhos durante a prática de esportes e outras atividades podem ser evitadas com óculos de proteção (EPI). A recomendação do médico é que sejam usados inclusive pelas pessoas que necessitar usar lentes corretivas com a mesma prescrição usada no dia-a-dia, tenham hastes flexíveis e lentes de policarbonato que são inquebráveis. O especialista destaca que a lente do EPI deve ter tratamento anti-risco e filtro ultravioleta para evitar as doenças decorrentes da ação cumulativa da radiação ultravioleta emitida pelo sol: pterígio – crescimento de uma membrana do canto externo do olho em direção à córnea; fotoceratite – inflamação da córnea que provoca a perda de células, deixa os olhos temporariamente vermelhos e irritados; catarata – opacificação do cristalino que requer cirurgia para evitar a cegueira.
Em caso de qualquer lesão no olho durante a prática de esportes a dica é nunca usar qualquer medicamento por conta própria porque pode piorar a visão.