Na região de Vicente Pires, no Distrito Federal, uma festa de casamento marcada para dezembro de 2021 foi cancelada após a noiva descobrir que o companheiro havia “pulado a cerca” e fugido para a Bahia com a amante. O drama da fonoaudióloga que precisou arcar com as despesas do divórcio e tentar revender o “festão” ganhou repercussão nacional nos últimos dias. Histórias como essa retratam um capítulo que muitos casais experimentam ao longo da vida amorosa e levantam uma discussão antiga e recorrente: afinal, quem trai mais, os homens ou as mulheres?

 

Pode-se dizer que a fama de infiel atinge mais o público masculino. Mas existem inúmeros estudos que indicam que traição não tem gênero. Uma pesquisa publicada na revista Archives of Sexual Behavior, em 2011, por exemplo, revela que a infidelidade é tão comum entre os homens quanto entre as mulheres. Durante a pesquisa, os autores submeteram um questionário a 506 homens e 412 mulheres que estavam em um relacionamento monogâmico. Os resultados apontaram que, no quesito infidelidade, 23% dos homens e 19% admitiram já ter traído o parceiro atual.

 

Por outro lado, um levantamento feito pelo site inglês Female First mostra que as mulheres têm mais propensão a ter um relacionamento extraconjugal em comparação com os homens. O estudo aponta que quatro em cada 10 mulheres consultadas já tiveram casos amorosos fora do relacionamento. Segundo os dados, apenas 12% dos homens, por sua vez, informaram ter traído a companheira.

 

Traição durante a pandemia

Quem achou que a pandemia e a intensificação do confinamento social iriam diminuir os casos de infidelidade, acabou se enganando. Um relatório anual divulgado pelo site de relacionamento extraconjugais Ashley Madson, a Covid-19 não foi um impeditivo aos infiéis. Os dados da plataforma mostram que, em 2020, mais de 5,5 milhões de novos usuários foram registrados no mundo todo, tanto homens quanto mulheres. No Brasil, há o dobro de usuários do sexo feminino para cada homem (cerca de 2,2 mulheres por homem) no site.

 

Para Fabrício Dias, detetive particular há mais de 20 anos e proprietário da Líder Detetives, houve aumento de 50% na procura por investigação matrimonial durante a pandemia. Segundo ele, o fato de que o homem trai mais que a mulher é um grande mito. “Sempre existe um grande mito, de que homem trai mais que a mulher. Esse número não é verdadeiro. A mulher trai tanto quanto o homem”, observa Dias em depoimento ao programa da GNT apresentado por Fábio Porchat. “Existe aí uma diferença no modus operandi da traição”, complementa.

 

Dias explica que os homens, geralmente, sentem a necessidade de contar para os amigos que estão com uma pessoa diferente, enquanto as mulheres são mais discretas e guardam o segredo em sigilo. “Mas a porcentagem [de quem trai mais], no meu entender e na experiência que eu tenho, ela se iguala [entre os homens e as mulheres]”, afirma o especialista em investigação conjugal. A mesma opinião é compartilhada pela terapeuta sexual Tâmara Dias. Ela comenta que não existe um gênero que traia mais, o que muda é o modo como a traição é vista socialmente.

 

“Ambos traem, mas a traição masculina é vista de forma mais leve, e é constantemente justificada com o mito de que ‘homens têm mais desejo sexual que mulheres’. Culturalmente foi dada ao homem mais liberdade para vivenciar a sua sexualidade, sem contar com a permissividade velada de ‘procurar fora o que ele não consegue em casa’”, explica em entrevista ao Metrópoles.