A fístula pós cirurgia bariátrica costuma ser uma grande preocupação dos pacientes que serão operados. Isso acontece porque, no início da cirurgia bariátrica, há 20 anos, quando ela era feita por laparotomia, abrindo o abdome por uma incisão, a fístula era um pouco mais frequente. Hoje, a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, que é aquela feita por furinhos, chamada de cirurgia minimamente invasiva, é muito mais segura.

“A fístula – ou vazamento – é quando existe um extravasamento do conteúdo de dentro do estômago ou do intestino, através da linha de grampeamento ou na emenda entre o estômago e o intestino delgado, chamada de anastomose, ou mesmo na emenda do intestino delgado, o Y de Roux”, explica o cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, presidente do Hospital e Maternidade Galileo. “Lembrando que essas emendas nós temos na cirurgia do by-pass, mas não temos na do sleeve. O sleeve tem apenas uma linha de grampeamento longa, onde também pode ocorrer uma fístula, mas a incidência é muito pequena”, complementa.

De acordo com o cirurgião, a fístula pode ocorrer em uma situação muito rara, em uma incidência de 1% – ou até menos – dos casos cirúrgicos. “Ela é mais frequente no paciente idoso, por isso deve-se operar o quanto antes; no paciente diabético ou com diabetes descompensado; e no paciente superobeso, com IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 50, em que as complicações, de forma geral, são mais frequentes. Por isso, nós orientamos e insistimos para que o paciente emagreça antes da cirurgia”, diz.

Quando acontece a fístula, é muito importante fazer o diagnóstico precoce para iniciar o tratamento e evitar que o paciente evolua para um quadro infeccioso grave, quando a recuperação é mais difícil. A fístula pode ocorrer em até 12 dias após a cirurgia. Na maioria dos casos, ela ocorre em até dois dias. Um pouco menos comum, é a ocorrência até sete dias. E, mais raro ainda, até 12 dias do pós-cirúrgico.

“Os sintomas mais comuns da fístula são dor forte na barriga, presença de febre e de taquicardia, que é o aumento da frequência cardíaca. Quando o paciente apresenta esses sintomas, nós fazemos uma tomografia computadorizada para confirmar essa fístula. No exame, ele vai tomar um contraste por boca para sabermos se existe esse extravasamento”, explica Concon.

Caso a fístula seja confirmada, o paciente precisa passar por um tratamento cirúrgico para fazer a correção. “Muitas vezes, nós associamos tratamento endoscópico, que é a colocação de uma prótese dentro do estômago, fechando essa pequena abertura para acabar com o vazamento”, comenta o cirurgião.

Ele ressalta que a cirurgia bariátrica é um procedimento seguro, com riscos semelhantes aos de uma cesárea ou de uma retirada da vesícula. Os riscos de permanecer obeso são muito maiores que os de realizar o procedimento.