Contabilizados os corpos encontrados e os desaparecidos, a tragédia de Petrópolis deve chegar bem perto de 250 vidas perdidas. A comoção é geral. Sobre os escombros de uma cidade destruída, os governantes, maiores responsáveis, lamentam e choramingam junto com quem perdeu pai, mãe, irmão, esposa, filhos, amigos…
É assim que acontece. A tragédia faz com que venha a comoção e as eternas promessas de recursos fartos para a reconstrução, readequação ou extirpação do risco conhecido, mas até então escondido debaixo do tapete.
Alguns corpos talvez fiquem debaixo da lama para sempre. Cessadas as buscas e enterrados os encontrados, o local deixa de ser alvo da atenção da opinião pública. E aí as promessas voltam apenas a ser uma falácia. A prioridade fica no discurso.
O atual Governador do Rio de Janeiro reservou R$ 190 milhões para obras de infraestrutura contra enchentes e intempéries. O mínimo solicitado por técnicos era a reserva de R$ 450 milhões. Está claro que ações de remoção de moradores de áreas de risco não está entre as principais ações de governo. Até porque remoção implica em mexer com a vida da pessoa que ali está. Há resistência das famílias, por laços afetivos variados. Esta insatisfação daquela comunidade não traz votos. Pelo contrário, reduz os votos.
O governante deixa de ser gestor da coisa pública para ser, apenas e de forma medíocre, administrador dos seus interesses e das expectativas do seu restrito grupo político. E é por agir assim que permite construções irregulares, ocupações indevidas, legalização de áreas de risco. Enfim! Nestes casos alguém ganhou financeira ou politicamente. E não foi quem se estabeleceu com sua família onde não devia.
A natureza é sábia e ensina. Os ditos governantes, principais responsáveis pelo realizar de forma correta, não aprendem!
Luciano Domiciano é jornalista!