da DW Brasil- A deterioração da renda mensal dos brasileiros em 2021 teve uma queda recorde, chegando ao pior patamar em dez anos. Um levantamento divulgado nesta sexta-feira (10/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a renda domiciliar per capita e o rendimento mensal real da população atingiram o nível mais baixo da série histórica do instituto, cujos registros tiveram início em 2012.
A perda nos rendimentos afetou a população como um todo em 2021, com recuos registrados nas 13 classes de rendimento avaliadas pelo IBGE. Contudo, as camadas mais pobres foram as mais atingidas. Os 5% dos brasileiros com rendas mais baixas tiveram perdas de 33,9% no ano passado, comparado ao ano anterior.
A segunda camada mais afetada foi a dos brasileiros na faixa dos 5% a 10% mais pobres, a segunda menor renda média entre a população, que teve perdas de 31,8%.
Segundo o estudo, a pandemia de covid-19 agravou a crise econômica e contribuiu para as perdas. O fim do auxílio emergencial concedido pelo governo para combater os efeitos econômicos do coronavírus fez a renda domiciliar per capita chegar ao menor patamar histórico. Além disso, a proporção de pessoas que vivem sem qualquer tipo de rendimento no país aumentou no período avaliado.
Recordes na série histórica
O cálculo do IBGE que determina o rendimento médio mensal leva em conta somente os indivíduos que possuem alguma fonte de renda, seja qual for. A renda domiciliar per capita corresponde à divisão do rendimento daqueles que o recebem com outras pessoas que vivem sob o mesmo teto.
O rendimento mensal médio real de todas as fontes passou de 2.386 reais em 2020 para 2.265 reais em 2021, sendo este o valor mais baixo desde o início dos registros. O recuo corresponde a uma queda anual de 5,1%, a mais intensa da série histórica. Em 2012, esse valor era calculado em estimado em 2.369 reais – descontada a inflação do período.
O recorde anterior da queda da renda mensal real no país era de 3,4%, na passagem de 2019 para 2020, quando o recuo foi impulsionado pela alta no desemprego.
Em 2021, porém, o número de pessoas desempregadas era menor, com um aumento de 38,7% para 40,2% na proporção de pessoas com rendimentos provenientes do trabalho. Mesmo assim, a renda média efetivamente recebida dessa fonte teve queda de 4,6%.