Com o segundo melhor resultado dentre os setores classificados pela entidade, as franquias do Food Service
foram impulsionadas pelo retorno presencial aos salões dos restaurantes, manutenção do delivery e aposta em novos modelos de negócios.
Tradicional entre as franquias, com 36% de participação, as marcas de alimentação fora do lar tiveram uma recuperação em 2022. É o que mostra os dados divulgados pela ABF (Associação Brasileira de Franchising), que apontam crescimento de 21,5% do segmento no ano passado.
Este é o caso da Água Doce Sabores do Brasil, que lançou o modelo destinado 100% ao delivery e take away com objetivo de ingressar em cidade pequenas, a partir de 35 mil habitantes, e ampliar a presença em diferentes praças do Brasil que não comportam uma operação Master ou Express da franquia. A ideia é cobrir o gargalo que a população interiorana ou litorânea sofre com a falta de opções de restaurantes que oferecem um cardápio de qualidade, com excelência no atendimento e preço justo.
“O mercado de alimentação é o mais popular do comércio em todo o mundo. Dessa forma para se sobressair dos demais, principalmente em uma época em que as mudanças de hábitos dos consumidores mudar com frequência, é necessário pensar em estratégias para levar o seu produto ou serviço até o mais próximo dele. Foi pensando desta forma que criamos o delivery em 2017 e o Água Doce Delivery em 2022. Com o avanço dos pedidos em domicílio, é primordial que tenhamos negócios destinados à esta modalidade, que veio para ficar”, comenta Júlio Bertolucci, diretor de franquias da rede de alimentação.
Já a aposta do Divino Fogão foi em cozinhas invisíveis, conhecidas como dark kitchen. O projeto surgiu após o aquecimento dos serviços de delivery no País, em decorrência da pandemia da Covid-19. Desenvolvido em parceria com a Guersola Consultoria, o modelo de negócio funciona em formato de licenciamento de marca, onde empresários que já atuam no setor de food service consigam aproveitar o tempo ocioso da cozinha em determinados horários com objetivo de aumentar o faturamento da operação. Além disso, a dark kitchen permite a ampliação do raio de atuação da marca em locais mais afastados de shopping center. Ao todo, a rede conta com 15 cozinhas invisíveis implantadas.
“Ao longo do ano passado, percebemos que empresários que já atuam no segmento estão buscando caminhos para ampliar seus negócios e, consequentemente, aumentar o faturamento das operações. A cozinha invisível do Divino Fogão é um agregador ao negócio principal, pois o formato permite que o empresário utilize seu próprio espaço e funcionários para preparar as receitas mais famosas da rede, proporcionando mais apelo ao atuar no delivery, que se tornou uma ferramenta essencial para o mercado de alimentação fora do lar. Aliado a isso, a rede consegue atingir consumidores que moram em bairros mais distantes ou cidades que não contam com shopping center”, ressalta Reinaldo Varela, fundador e presidente da rede.
Também foi o caso do food service Mr. Cheney no ano passado. “Já tínhamos um modelo de delivery antes da pandemia, mas cresceu e chegou a responder por 30% da nossa receita. Em algumas unidades chegava a 100%. Percebemos que explorávamos pouco e buscamos formas de aperfeiçoar”, explica Johannes Ayres Castellano, sócio-diretor da Mr. Cheney.
Para entender a dinâmica e os custos, Mr. Cheney abriu duas dark kitchens próprias. Em paralelo, investiu cerca de R$ 500 mil na fábrica, com a automatização de alguns processos que facilitariam o dia a dia na loja. “A máquina vai conseguir substituir o trabalho de seis ou sete pessoas, que serão transferidas para operar a própria automação. Não pensamos em demitir ninguém”, afirma Castellano. Os testes mostraram para a marca que a dark kitchen opera bem com apenas dois funcionários, enquanto a loja física comporta cinco.
De acordo com a Simone Galante, da Galunion Consultoria, as grandes redes do franchising têm investido em novas estratégias e novos modelos de negócio com menor investimento, sem abandonar a questão da digitalização. Muitas franquias estão utilizando diversas estratégias, como o atendimento por múltiplos canais, venda de produtos fora das lojas, novos canais de venda (como totens e quiosques), sem esquecer das questões de excelência operacional tão necessárias para o segmento. Isso gera interesse para o consumidor em sua ocasião de consumo.
Dados da Pesquisa Galunion sobre Alimentação, de setembro de 2022, enfatizam que as pessoas saem para comer por diversos motivos, mas o reencontro social (rever família e amigos, celebrações) é o principal, seguido de pratos que não podem ser reproduzidos em casa. E nessa hora, o consumidor deseja serviço ágil, principalmente de franquias de serviço rápido e cafeterias.
Fritas do McDonald’s agora vão ser legumes
“O setor food service tem investido em onde e para que inovar. É importante adicionar as novidades de acordo com as tendências de mercado, focar na necessidade do consumidor e como atendê-lo com excelência em todas as esferas do negócio — digitalização e rapidez, preços mais acessíveis, inovação no cardápio, produtos de qualidade, comfort food, proporcionando uma boa jornada de compra e uma experiência de consumo de qualidade”, finaliza Simone.
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