Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Síndrome de Tourette acomete
cerca de 1% da população mundial todos os anos. Ela provoca tiques motores e vocais e não tem cura, por isso, o tratamento objetiva a contenção dos sintomas, a partir de estratégias multidisciplinares.
Inserida no rol de distúrbios neuropsiquiátricos, a síndrome de Tourette é uma condição relacionada tanto com aspectos emocionais, comportamentais e psicológicos, quanto com as bases biológicas do sistema nervoso do paciente.
Ela é caracterizada por tiques motores, movimentos repetitivos em qualquer parte do corpo, e tiques vocais, isto é, verbalizações involuntárias, podendo ser desde grunhidos à repetição de frases e palavrões.
A falta de conhecimento sobre o que é a síndrome de Tourette a torna alvo de preconceito e estigmatização, causando sofrimento e isolamento social dos pacientes, que acabam recebendo rótulos pejorativos e tendo suas capacidades mentais questionadas.
Com os primeiros sintomas aparecendo na infância, as crianças podem enfrentar forte discriminação em diversos ambientes, como na escola, tendo seus movimentos compreendidos como inadequados pelos colegas, e até mesmo em casa, com a dificuldade da família compreender essa condição.
Saber o que é e como tratar os sintomas da síndrome de Tourette é essencial para ajudar os pacientes identificarem sintomas e buscarem tratamentos adequados.
Características da síndrome de Tourette: os principais sintomas
Na maioria dos casos os sintomas surgem ainda na infância, se intensificando na adolescência. Os mais comuns e característicos são os tiques motores e vocais, porém a síndrome também provoca alterações de humor, estresse e ansiedade.
No âmbito dos movimentos, o paciente pode apresentar ações involuntárias e repetidas dos membros e espasmos faciais, além de rigidez dos músculos. Nos tiques vocais, são emitidos grunhidos, repetições de palavras e gritos, palavrões e insultos, e até mesmo frases completas.
Contudo, os sintomas se manifestam de maneiras diferentes em cada paciente, isso quer dizer que um indivíduo que apresenta os tiques motores não necessariamente terá também os vocais.
As causas e diagnóstico da síndrome de Tourette
As causas do desenvolvimento da Síndrome de Tourette ainda não são totalmente conhecidas. Estudos apontam que ela pode estar relacionada a componentes genéticos, além de estar associada a irregularidades no controle da dopamina, neurotransmissor responsável pela regulação do humor e movimentos.
Segundo o Dr. Claudio Fernandes Corrêa, doutor em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, ” o diagnóstico pode ser complexo e difícil, por não existir um próprio exame para confirmação da condição, sendo realizado totalmente por análise clínica”.
Dessa forma, o médico investiga a existência e histórico dos sintomas da síndrome de Tourette junto ao paciente e seus familiares. Há, no entanto, alguns exames complementares, usados para identificar doenças neurológicas, que podem direcionar quadros de tiques com traumatismos e tumores.
Integratividade: a chave para o tratamento da síndrome de Tourette
Apesar de ainda não ser passível de cura, a síndrome de Tourette pode ser controlada. A síndrome é bastante complexa. Por isso, o tratamento deve envolver o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que poderá atender todas suas perspectivas.
Recomenda-se a terapia da saúde mental para controle dos aspectos psicológicos e comportamentais da condição, como as alterações de humor e ansiedade.
Além disso, a administração de medicamentos psiquiátricos e aplicação de toxina botulínica são alternativas que apresentaram respostas significativas, para conter as manifestações físicas.
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O Dr. Claudio Fernandes Corrêa explica que, como a síndrome de Tourette é uma condição neuropsiquiátrica, “os procedimentos da medicina neurológica são essenciais para a contenção de sintomas, incluindo os movimentos involuntários“.
Nos casos em que os tratamentos medicamentosos não forem suficientes para o controle dos sintomas, recomenda-se o procedimento cirúrgico de estimulação cerebral profunda. Esse é um procedimento minimamente invasivo, em que eletrodos implantados na cabeça realizam a neuromodulação das regiões do encéfalo ligadas aos sintomas, como os distúrbios do movimento.
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