Por três razões as manifestações de junho abriram uma fenda de esperança para José Serra novamente ser candidato à presidência da República: 1) os protestos enfraqueceram a presidente da República, 2) mostraram o candidato do PSDB, Aécio Neves, estacionado, e 3) apontaram Marina como a principal beneficiária das pressões sociais. Marina enrolada com o REDE e Aécio sem empolgar contra uma Dilma em baixa seriam condições suficientes para José Serra abandonar o PSDB e levar consigo seus aliados, ou mesmo disputar o espaço ocupado pelo mineiro no ninho tucano.
As condições favoráveis a Serra tornaram-se desfavoráveis. Roberto Freire, presidente do PPS e aliado do tucano, não conseguiu viabilizar o MD (Mobilização Democrática, fusão de PPS com PMN), que possibilitaria a José Serra sair do PSDB e levar consigo parlamentares tucanos. Sem um partido novo para abrigá-los, os parlamentares não teriam respaldo legal para abandonar o barco tucano, Serra teria de sair sozinho, restou-lhe o PPS. Pela legenda pequena o ex-ministro da Saúde seria candidato à presidência da República pela terceira vez – porém, com baixo desempenho nas pesquisas, arriscando fragmentar ainda mais a oposição e facilitar a vida do PT da Dilma em franca recuperação, José Serra protagonizou o “dia do fico” na tarde de 1º de outubro de 2013. Anunciou em suas tribunas virtuais que seu lugar é o PSDB e sua prioridade é derrotar o PT, palavras dele.
José Serra escolheu o caminho mais seguro. O desgaste de uma derrota humilhante por um partido pequeno, a imagem de traidor da oposição e a perda de influência sobre fatia importante do PSDB deixariam cicatrizes mais profundas no tucano que jamais desiste do sonho de um dia ser presidente da República. Tudo indica que Aécio Neves e Eduardo Campos farão pacto de não-agressão no primeiro turno, Marina deve entrar na dança, os três contra o PT, em caso de vitória, José Serra e seus acólitos certamente terão espaço em um eventual novo governo.
O futuro vai dizer se de fato a leitura conjuntural de José Serra foi a mais correta. A conferir.