Polêmico artista de comédia stand up se apresenta na próxima sexta-feira no Teatro Paulo Autran

Para os moradores de Americana que assistiram ao comediante Renato Albani e acharam que ele ‘pegou pesado’ com piadas sobre a cidade em apresentações recentes na região, se preparem: na sexta-feira, dia 19, vem aí o espetáculo de stand up comedy de Léo Lins. O polêmico humorista, condenado em 1ª instância a oito anos e três meses de prisão e multa milionária por piadas ácidas, traz o show “Enterrado vivo” para o Teatro Paulo Autran, às 21h.

Em uma rara aparição, Léo Lins deu entrevista nesta sexta-feira (12) ao programa Pânico, da Jovem Pan, onde falou de sua carreira, comentou as polêmicas que fazem parte dela e mencionou a agenda de shows que inclui Americana. “O pessoal, quando me vê na internet ou pessoalmente, pergunta: Ué, você ainda tá solto?”, indagou, no tom sarcástico de sempre.

De acordo com a decisão, o vídeo intitulado ‘Perturbador’, de temporadas anteriores de shows, contém declarações (piadas) que seriam preconceituosas contra negros, obesos, idosos, pessoas com HIV, indígenas, homossexuais, judeus, nordestinos, evangélicos e pessoas com deficiência. Léo Lins é acusado e foi condenado por propagar discursos considerados discriminatórios contra os diferentes grupos sociais.

Além disso, Léo chegou a ter suas redes sociais canceladas, enfrentou ameaças de prisão e está sendo processado criminalmente em mais de 30 ações. Tudo por conta de seu conteúdo provocador que desafia o chamado ‘politicamente correto’. Mesmo assim, segue atraindo multidões, superando recordes de público por onde passa e estará se apresentando ao público americanense na próxima semana.

Léo Lins revelou que passou os últimos 7 meses confinado em sua casa estudando, lendo livros e pesquisas acadêmicas. “Só fiquei em casa esse tempo. Ironicamente, estudando que nem um condenado”, brincou. A ideia é “aprofundar o debate”, com mais argumentos, a respeito dos limites do humor e da comédia enquanto expressão artística. Por isso estudou quem é favorável e quem é contrário, motivo pelo qual leu até mesmo livros e estudos que costumam ser mencionados por acusadores dele.

Humor ácido

Adepto do chamado ‘humor ácido’, Léo defende a tese de que sua arte apenas mostra e escancara os preconceitos existentes na sociedade, ‘mexendo o dedo na ferida’. “Eu compreendo quem se irrita com as minhas piadas. Mas uma coisa é o gosto, e outra é usar esse critério para me processar e buscar uma punição penal”, defende. A condenação em 1ª instância gerou reações por todo o país. Inclusive dividiu os humoristas, mas pela rigidez acabou recebendo apoio de grande parte dos humoristas.

Rotulado de ‘bolsonarista’, apesar de nunca ter feito campanha para o ex-presidente – até porque começou no stand up comedy anos antes do político surgir para o cenário nacional em 2017 e se eleger presidente no ano seguinte. Inclusive fez e faz piadas com Jair Bolsonaro e políticos de todas as ideologias e partidos. Por muitos anos participou do quadro fixo do programa The Noite, de Danilo Gentili, na Band e no SBT.

O humorista afirmou que acredita na Justiça para ser inocentado e reverter a condenação, classificada por alguns juristas com quem ele conversou como ‘aberração jurídica’. Léo Lins revelou que no dia 23 de fevereiro de 2026 deve ser o julgamento em 2ª instância do processo. Portando, faltam 73 dias para a decisão. “Piada é arte. Algo simbólico e não literal. Feito em um palco de teatro e para pessoas que pagaram ingresso”, reforçou.

Nessa linha defendida pelo humorista, trata-se somente de uma peça ficcional, de uma ‘persona cômica’, não significando “opiniões, comentários ou discursos” do próprio humorista. Léo Lins argumenta ainda que seria como processar atores ou atrizes por determinadas cenas (ficcionais) que mostram preconceitos da sociedade em peças de teatro, séries ou filmes. Ou seja, o mesmo que vale para os humoristas vale para quem atua na chamada 7ª arte.

Cidades

Ao todo, Léo Lins teve problemas em 52 cidades, inclusive com shows proibidos na maioria delas. A irritação das pessoas é por ele mencionar fatos ou características locais e fazer piadas ácidas sobre elas. O humorista disse que este ano chegou a ser a 7ª personalidade mais buscada em sites de pesquisa. “Nessa lista dos 10 mais buscados estão quatro condenados: eu, a Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Hytalo Santos. É esqu4rtejamento, h0micício, ped0filia e contar piada. Quatro problemas graves”, ironizou.

A organização do show traz um aviso: “Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, fatos ou situações reais é mera coincidência. O conteúdo apresentado pode abordar temas sensíveis a determinados públicos; portanto, caso sinta-se desconfortável, recomendamos que não assista à apresentação”. Também comunica às pessoas que “é estritamente proibido filmar, fotografar, gravar ou transcrever, total ou parcialmente, qualquer trecho do espetáculo”.

O argumento é que o conteúdo da apresentação é protegido pela Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998), pela Constituição Federal (art. 5º, incisos X, XXVII e XXVIII) e pelo Código Civil (art. 20), que garantem ao autor e aos intérpretes o direito exclusivo sobre a utilização, reprodução e divulgação de suas obras e imagens. “Qualquer forma de reprodução, gravação, edição ou distribuição não autorizada poderá resultar em responsabilidade civil e penal, incluindo aplicação de multas e medidas judiciais cabíveis”, informa.

Por fim, o recado vem na própria divulgação: “Garanta seu ingresso e assista antes que ele seja preso”. A classificação etária para o show “Enterrado Vivo” de Léo Lins é +14 e a apresentação tem duração aproximada de 80 minutos. Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 120, podendo ser adquiridos pelo site www.vargasingressos.com.br.